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De olho na mídia

De olho na mídia

2,4% de vagas em universidades são de cotas

Entre 2001 e 2008, foram oferecidas 7.850 vagas por ano destinadas para negros em universidades públicas, diz Ipea

Cálculo não significa que todas as vagas haviam sido preenchidas; por ano, total de vagas nas instituições públicas foi de 331 mil
Desde que a primeira universidade pública, em 2001, adotou em seu
vestibular o sistema de cotas para beneficiar estudantes negros, 51.875
vagas foram reservadas para essa população, segundo estimativa feita
pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) na pesquisa
"Juventude e Políticas Sociais no Brasil".

Neste cálculo, não estão incluídos outros estudantes beneficiados por
cotas -muitas instituições também reservam vagas para alunos da rede
pública e outros grupos- e não significa que todas as vagas oferecidas
foram preenchidas.

Em média, foram oferecidas 7.850 vagas por ano no período de 2001 a
2008. Essas vagas representam apenas 2,4% da média de 331 mil vagas
ofertadas por ano pelas instituições públicas superiores.

Foram identificados no trabalho 48 instituições que adotam alguma
modalidade de ação afirmativa. A estratégia mais comum é a de cotas -há
43 universidades com reserva de vagas para algum grupo.

Além de cotas, há também instituições que adotam o sistema de
bonificação no vestibular, em que não é definido um percentual de vagas
reservadas. Nele, estudantes recebem pontuação adicional nos exames por
serem negros, alunos de escolas públicas ou outro grupo privilegiado
pelo sistema.

O trabalho do Ipea faz também um rápido balanço de quatro estratégias
diferentes adotadas no Brasil: a da UnB, da Universidade Federal do
Paraná, da Federal da Bahia e da Unicamp. No caso da UnB, por exemplo,
é destacado o fato de o percentual de negros ter aumentado de 2% para
13% de 2004 a 2006 e de seu desempenho acadêmico ser muito próximo ao
dos demais alunos.

Publicado originalmente em 21/05/08
Pelo jornal Folha de São Paulo

Desemprego entre jovens é 3,5 vezes o dos adultos

Entre dez países, Brasil é o que tem a maior proporção de jovens entre os desempregados
Estudo do Ipea mostra que melhora no mercado de trabalho nos últimos anos foi menor entre aqueles que têm entre 15 e 24 anos

A taxa de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é 3,5 vezes a dos
adultos, revela estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada). A publicação mostra que o Brasil lidera o ranking
de maior proporção de jovens entre os desempregados em uma lista de dez
países, que inclui Argentina, México, Alemanha, Espanha, Itália,
França, Grã-Bretanha, Suécia e Estados Unidos.

Em 2005, os jovens representavam 46,6% do total de desempregados, um
patamar superior ao de países como México (40,4%) e Argentina (39,6%).
Segundo o estudo, não apenas a taxa de desemprego dos jovens no Brasil
cresceu ao longo dos últimos 15 anos como ainda avançou mais do que a
taxa de desemprego dos trabalhadores adultos."Os jovens representam uma proporção cada vez maior dos desempregados", diz o estudo.

De acordo com Roberto Gonzalez, pesquisador do Ipea, uma das hipóteses
que justificam a maior dificuldade dos jovens para ingressar no mercado
de trabalho é o preconceito das empresas em relação aos trabalhadores
menos experientes. "O mercado de trabalho melhorou no Brasil nos
últimos anos, mas a melhora foi menor entre os mais jovens, o que
justifica a necessidade de políticas públicas para tentar assegurar o
lugar desses trabalhadores no mercado", disse.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
corroboram a percepção de que, de fato, ficou mais difícil para o jovem
de 15 a 24 anos encontrar trabalho.

Segundo Cimar Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), a
participação dos jovens no total de desempregados nas seis maiores
regiões metropolitanas do país passou de 45,7% em março de 2002 para
46,8% em março deste ano. Em março de 2002, 22,9% da população em idade
ativa tinha de 15 a 24 anos. Em março deste ano, esse patamar caiu para
19,4%. "Houve um aumento claro da desocupação nessa faixa etária",
resume.

O desemprego entre jovens não é um problema restrito ao Brasil. Nos
países europeus, a taxa de desemprego dos jovens começou a crescer nos
anos 1980. Nos anos recentes tem havido uma pequena reversão desse
fenômeno, motivada tanto pelo menor desemprego juvenil como pela
redução da população economicamente ativa nestes países.

Para o Ipea, a demissão dos trabalhadores mais jovens é de menor custo
em razão do valor das indenizações. Além disso, são normalmente menos
experientes e considerados "menos essenciais" para as empresas. Há
também aspectos como a alta rotatividade característica dessa etapa da
carreira.

"Como o jovem, por definição, está tendo suas primeiras experiências no
mundo do trabalho, seria "normal" que ele circulasse por vários
empregos como forma de acumular conhecimentos e experiência, supondo-se
que mais tarde isso contribuiria para ele estabilizar-se em uma
ocupação determinada", afirma o estudo.

Para Lígia Cesar, da MCM Consultores, um dos fatores que dificultam a
entrada dos jovens no mercado é a rigidez das leis. "Isso prejudica o
acesso do trabalhador com menos experiência. Do ponto de vista do
empregador, ele tem de arcar com um custo alto para contratar alguém
com menos experiência do que os demais."

A taxa de desemprego entre os jovens no Brasil foi estimada pelo Ipea
em 19% em 2005, um patamar superior ao de anos anteriores. Em 2000, o
percentual era de 18% e, em 1995, de 11%. Segundo o Ipea, a alta taxa
de desemprego mesmo na faixa abaixo de 17 anos indica que grande parte
das famílias não tem meios de manter os jovens fora do mercado de
trabalho até a conclusão do ensino médio.

"O que acontece para a maioria dos jovens de famílias trabalhadoras e
de baixa renda é que eles ficam circulando entre ocupações de curta
duração e baixa remuneração, muitas vezes no mercado informal. Além de
não favorecer a conclusão da educação básica, essa experiência é, na
maior parte das vezes, avaliada negativamente pelos empregadores."

O estudo conclui que políticas de emprego não devem apenas ser julgadas
pela capacidade de colocar o jovem em um posto de trabalho, mas devem
também avaliar até que ponto a experiência de trabalho permite adquirir
novos conhecimentos. "É fundamental que políticas de emprego
desenvolvam estratégias destinadas a romper, e não a reforçar, as
barreiras sociais que se colocam frente a estes jovens", diz.

Publicado em 21/05/08
Pelo jornal Folha de São Paulo, por Antônio Góis e Janaína Lage

Avanços para a Educação no Campo

Promover um ensino mais igualitário, que supere as desigualdades existentes entre a cidade e o mundo rural, é um dos objetivos do ministro da Educação, Fernando Haddad. Nesse sentido, o Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), tem dado passos significativos. Um deles foi a criação da Comissão Nacional de Educação no Campo, cuja missão é assessorar o MEC na formulação de políticas públicas para a educação no campo.

Coordenadora geral da Educação do Campo da Secad, a pernambucana Sara
Lima, de 38 anos, é a secretária-executiva da Comissão. Segundo ela,
nos dias 1 e 2 de julho, o colegiado se reunirá para eleger as
prioridades e a agenda de trabalho para este ano.

Em entrevista
exclusiva ao Instituto Souza Cruz, Sara adianta algumas das principais
demandas da educação no campo e lembra que a questão tem sido pauta do
governo desde 2003.

Como é constituída a Comissão Nacional de Educação no Campo?

São
18 integrantes no total. A comissão abrange dez representantes dos
ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário (MDA), da União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), do Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed); e oito integrantes de
movimentos sociais de abrangência nacional: Centros Familiares de
Formação por Alternância (Ceffas), Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Agricultura (Contag), Comissão Pastoral da Terra
(CPT), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf),
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento das Mulheres
Campesinas (MMC), Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e Rede
Educacional do Semi-Árido Brasileiro (Resab).

Quais são as expectativas e os principais desafios dessa Comissão?

Essa
comissão tem como objetivo assessorar o ministro da Educação, Fernando
Haddad, na formulação de políticas públicas para a educação do campo.
Nos dias 1 e 2 de julho, teremos uma reunião para fechar a agenda de
trabalho da comissão, e definir as prioridades.

Na sua opinião, quais são as principais demandas da educação do campo?

Uma
delas é que a educação do campo se torne política pública. As escolas
deverão se apropriar desta política, pois elas têm um papel importante
para o camponês, para o desenvolvimento sustentável do meio rural, para
a agricultura familiar. Levar essa política a estados e municípios será
um desafio. Outra demanda é produzir propostas pedagógicas que tratem
das especificidades do campo. A construção do Plano Nacional de
Educação do Campo também será foco da agenda de trabalho da Comissão.

Como a senhora vê as organizações e os movimentos sociais que já trabalham com educação do campo?

Historicamente,
a educação do campo foi pautada pelos movimentos sociais e sindicatos
do campo. Eles tiveram papel fundamental para assegurar o debate e a
efetivação de políticas públicas para a educação no campo. Logo, a
participação efetiva destas organizações junto ao governo vem
fortalecendo a educação do campo nos seus reais valores.

Como e quando a educação do campo entra na pauta de ações do MEC?

É
importante lembrar que a educação do campo entrou como pauta do governo
em 2003, quando o MEC criou o Grupo Permanente de Trabalho (GPT) de
Educação do Campo para subsidiar o Governo Federal na formulação de uma
política de educação no campo e na implementação das diretrizes para
escolas do ensino básico da área rural. Este grupo estava sempre em
diálogo com a sociedade civil. Em outubro do mesmo ano, foi realizado o
I Seminário de Educação no Campo, do qual saíram subsídios para uma
Política Nacional de Educação do Campo. Então, esta comissão vem
reconhecer essa trajetória do GPT e efetivar a participação da
sociedade civil e do governo.

Publicado em 16/05/2008
No site do Instituto Souza Cruz, por Andrea Guedes

Jovens são as maiores vítimas da violência

RIO - Os jovens são as maiores vítimas, mas também causadores da violência no país. Segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mortes por homicídios entre os brasileiros de 15 a 29 anos passaram da média anual de 27.496 entre 1999 e 2001 para 28.773 entre 2003 e 2005. O levantamento foi baseado em dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Sistema Único de Saúde (SIM/SUS) e mostra que 93% das vítimas de homicídios são homens. Desse total, 37% estão no grupo de 18 a 24 anos

No que se refere à violência não-letal, os jovens também são as maiores vítimas. De acordo com a pesquisa, em 2005, o grupo de 18 a 24 anos foi a maior vítima não apenas dos casos de homicídio doloso (47,41 ocorrências por 100 mil habitantes), mas também das lesões corporais dolosas (514,83 por 100 mil habitantes), tentativas de homicídio (38,06), extorsão mediante seqüestro (0,78) e de roubo a transeunte (333,8).

Já os jovens de 25 a 29 anos apareceram como as maiores vítimas dos furtos a transeunte e do roubo de veículos enquanto os adolescentes de 12 a 17 anos foram as maiores vítimas de estupro e de atentado violento ao pudor.

Por outro lado, os jovens também figuram como os maiores autores de crimes. De acordo com o levantamento, os jovens entre 18 e 24 anos foram em 2005 os mais freqüentemente identificados como infratores por homicídio doloso (17,56 ocorrências por 100 mil habitantes), lesões corporais dolosas (387,74), tentativas de homicídio (22,32), extorsão mediante seqüestro (0,34), roubo a transeunte (218,23), roubo de veículo (20,24), estupro (14,57) e posse e uso de drogas (41,96). 

Brasil não vai alcançar meta de redução do analfabetismo

País ignora acordo com a Unesco e mantém alta taxa de analfabetos
 
O Relatório de Monitoramento Global EFA, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), revela que o Brasil não deve atingir objetivos de Educação para Todos até 2015. A meta foi estipulada, em 2000, durante a Conferência Mundial de Educação em Dacar, no Senegal

 À época, o Brasil tinha uma taxa de analfabetismo de 12,3% e para
alcançar a meta deveria reduzir esse número em 50%, mas no ritmo atual
só deve chegar à taxa de 7%. No mundo, são 774 milhões de adultos que
não dispõem das competências elementares para ler, escrever e calcular,
dos quais 64% são mulheres. E três quartos desses concentram-se em 15
países, entre eles o Brasil. Dos 101 países que estavam mais longe da
educação universal, na época da Conferência, 72 não conseguiram
cumpri-la.

 Para minimizar o problema da educação de jovens e adultos, o Relatório
pede a expansão da educação secundária e superior. No Brasil, o ensino
secundário é inclusive compulsório, mas grande parte dos que o
freqüenta já está fora da faixa etária. Em 2005, a população de
brasileiros entre 11 a 17 anos era de 24,9 milhões, enquanto o número
de matrículas na educação secundária era de 25,1 milhões. 'Isso se
explica pela existência de grande contingente de alunos acima da idade
esperada que ainda se encontrava nessa etapa. Por outro lado, quando se
analisa a participação dos alunos de 11 a 17 anos que estão na escola,
em qualquer nível, observa-se que alcança 78%', disse o Relatório.

 Mais de 510 milhões de estudantes da educação secundária, em todo o
mundo, participam de programas de nível técnico. No Brasil, esse número
era de 718 mil alunos, menos de 3% das matrículas na educação
secundária. Segundo o relatório, a taxa apresentada pelo Brasil é mais
elevada apenas que as da Índia (0,83), Bangladesh (1,62) e Paquistão
(2,13), entre os países em desenvolvimento.

 Já a educação superior, que teve um crescimento de 45 milhões de
matrículas entre 1999 e 2005, praticamente dobrou no Brasil. Saiu de
2,4 milhões para 2,4 milhões. 'A despeito da expansão contínua,
relativamente poucos jovens e adultos têm acesso a esse nível de
ensino', disse o relatório.

 Embora critique o fato de o Brasil não estar caminhando para o alcance
do Objetivo para 2015, o Relatório destacou que o país tem vários
programas de meios não-formais de educação, que são destinados a grupos
em desvantagem e para os que abandonaram a escola. A Educação de Jovens
e Adultos (EJA) tinha 2,8 milhões de alunos, em 1999; em 2005, chegou a
5,6 milhões.

 Para a Unesco, o analfabetismo está fortemente relacionado à pobreza:
'É nos países e nos lares mais pobres que se encontra maior incidência
de analfabetismo. Entre minorias étnicas, migrantes, indígenas e
portadores de necessidades especiais também há mais analfabetos por se
encontrarem mais freqüentemente excluídos da educação formal e dos
programas de alfabetização'.

Publicado em 18/05/2008
Pelo jornal O Liberal

Negras e pobres são as maiores vítimas de aborto clandestino

Jovens negras, com poucos recursos e residentes nas regiões mais pobres do Brasil são as principais vítimas do aborto clandestino. Pesquisa divulgada nesta terça-feira pela ONG Ipas Brasil - a pedido do Ministério da Saúde - revela que as negras e as mulates têm três vezes mais chances de morrer por complicações - geralmente hemorragias ou infecções - do que as brancas. O estudo - realizado em parceria com a Uerj e baseado em informações colhidas entre 1992 e 2005 - mostra que são realizados cerca de 1,04 milhões de abortos anuais no país - ou seja, de cada quatro gestações, uma é interrompida.

    
 A prática do aborto - considerada
crime no Brasil e que pode ser punida com até três anos de prisão - se
transformou na terceira causa de morte materna no país.

"O acesso à educação e aos anticoncepcionais para as mulheres é
fundamental para se reduzir esse tipo de morte", explicou Leila Adessa,
diretora do Ipas Brasil, durante entrevista coletiva para
correspondentes estrangeiros. "O aborto ilegal é um problema de saúde pública e tem que ser
enfrentado como tal, seria interessante que os políticos promovam uma
mudança na legislação", acrescentou a diretora.

 O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já defendeu a
realização de um plebiscito sobre a descriminalização do aborto.
Atualmente, o aborto é considerado legal no Brasil apenas em casos de
estupro e risco de vida para mãe.

 Para a advogada e consultora da Ipas, Beatriz Galli, a lei
restritiva tem um impacto grave na saúde e na vida das mulheres jovens
e adolescentes, que diante de uma gravidez indesejada tentam abortar em
clínicas clandestinas. "A lei atual criminaliza as mulheres e cria uma situação de injustiça social", afirmou.
   
  Veja a pesquisa

Publicada em 31/07/2007 
Pelo Jornal o Globo

            

Militância pede apoio às cotas

Sistema que reserva vagas para negros em universidades deve ser mantido, segundo ministro da Igualdade Racial

 

 

 
Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, recebeu ontem militantes da causa negra. Eles pediram apoio da Corte para que seja mantido o sistema de cotas raciais em universidades, atualmente presente em 54 instituições de ensino do país (beneficiando 138 mil alunos) e questionado por uma ação de inconstitucionalidade. “A cota é um projeto para transformar o Brasil em um espaço de solidariedade, de justiça e de inclusão”, afirma o frei franciscano Davi Santos, diretor da Educação e Cidadania de Afro-descendentes e Carentes (Educafro).

O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, disse que o Brasil vai manter a adoção de cotas para negros em universidades e empregos públicos, na tentativa de corrigir o legado da escravidão. Ele afirmou a jornalistas que a abolição “foi incompleta, e os negros continuam na parte mais baixa da pirâmide social”. Alguns setores reagem com veemência às propostas. A entidade que reúne faculdades e colégios particulares foi à Justiça contra as cotas, e o STF deve se manifestar nos próximos dias.

No Brasil, a adoção de cotas ainda depende da vontade de cada instituição. Há cinco anos, a Universidade Estadual do Rio (Uerj) tornou-se a primeira universidade brasileira a adotar o sistema. Carta-aberta feita por 113 intelectuais, sindicalistas, artistas e empresários brasileiros considerou o sistema de cotas inconstitucional e discriminatório contra os pobres de outras raças.

Frei Davi, durante o encontro com o ministro Gilmar Mendes, rechaçou a idéia, sustentada na ação de que o sistema seria um tratamento desigual entre brasileiros. “É justamente o contrário. (As cotas) vêm consertar um Brasil onde 97% do povo nunca teve oportunidade de entrar numa universidade”, ressalta o religioso. Um grupo de estudantes protocolou no STF um documento, com pouco mais de 700 assinaturas, em favor das cotas e da manutenção do ProUni — programa do governo federal que reserva vagas para estudantes da rede pública e minorias em instituições privadas e que também é alvo de outra ação de inconstitucionalidade no STF.

Coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade de Brasília, Nelson Inocêncio aponta a falta de consenso dentro do governo federal em relação à ação afirmativa nas universidades como a principal barreira para a implementação do sistema. No Rio de Janeiro, estudantes foram às ruas defender as cotas. Com cartazes, apitos e nariz de palhaço, reivindicavam mais investimentos para a população negra. Frases como “A princesa não é santa” e “Os pretos continuam morrendo… nas favelas”, estampavam os cartazes.

IGUALDADE O número de negros se igualará ao de brancos no Brasil ainda este ano, pelas projeções do Instituto Brasileiro de Economia Aplicada (Ipea). Estudo elaborado pela entidade e divulgado ontem, em plena comemoração dos 120 anos de abolição da escravatura, mostrou que em 2010 a população negra no Brasil, atualmente 49% do total, será maioria absoluta.

Para Mário Theodoro, um dos coordenadores do estudo intitulado Desigualdades raciais, racismo e políticas públicas: 120 anos após a abolição, o aumento do número de negros está relacionado a dois fatores. “A taxa de fecundidade da população negra e parda explica parte desse fenômeno. Além disso, há também a valorização maior da cultura afro por parte da sociedade, que leva os negros a se autodeclararem nos censos”, diz Theodoro.

O estudo aponta que as estatísticas de acesso à educação, maior bandeira defendida pela militância negra, melhoraram. Em 1976, primeiro ano da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (Pnad), o número de negros com até 30 anos que tinham concluído o ensino superior não passava de 0,7%, enquanto o de brancos atingia 5% – seis vezes maior. Em 2006, a taxa de negros nos bancos com educação universitária passou para 4,9%. A de brancos subiu para 18% – pouco menos de quatro vezes a mais.

Diferença na renda
O estudo do Ipea mostra que nos últimos cinco anos o rendimento da população negra, em média R$ 578,24 per capita, aumentou, com uma tendência a se tornar igual à do branco, hoje de R$ 1.087,14. Esse crescimento, entretanto, pode ser estagnado em breve. “É a primeira vez que isso ocorre. A explicação está nos programas de transferência de renda. Mas como o Bolsa Família opera no limite, atendendo a quase todos que necessitam, creio que essa curva ascendente deve se estabilizar. A partir de agora, temos que apostar em outras ações”, diz Mário Theodoro, um dos coordenadores do estudo. Entretanto, a desigualdade de renda em relação aos brancos, que ganham 53% a mais atualmente, só deve ter fim, segundo a projeção do Ipea, daqui a 32 anos, ou seja, em 2040.

 

Juventude se reúne e pede mais lazer e menos trabalho

Os jovens brasileiros já escolheram as 22 prioridades que vão nortear uma Política Nacional da Juventude e incluir, de forma permanente, o tema na agenda das políticas públicas.
O documento é resultado da I Conferência Nacional de Juventude, que reuniu cerca de 2 mil jovens essa semana em Brasília. Eles foram escolhidos nas etapas preparatórias que contaram com a participação de 406 mil pessoas em todo o Brasil
 
Brasília

Entre as sugestões voltadas para a cultura, estão o estabelecimento de cotas de exibição e programação de 50% para a produção cultural brasileira.

A criação, em todos os municípios, de espaços culturais públicos com financiamento direto do Estado, também está entre os pleitos dos jovens.

Investimentos

Para os participantes da conferência, a ampliação do investimento em educação é fator imprescindível para a construção de uma educação de qualidade. Para tanto, defendem a aplicação de 10% do PIB em educação.

No quesito segurança, os jovens posicionaram-se contra a redução da maioridade penal e pediram a aplicação efetiva do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O documento pede o fim da obrigatoriedade do serviço militar, que pode ser substituído por programas alternativos de serviços sociais não obrigatórios.

Assim como defende as centrais sindicais, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem redução de salários é uma bandeira dos jovens.

A implementação de políticas públicas de promoção dos direitos sexuais e reprodutivos das jovens mulheres também é uma reinvindicação. Os jovens querem a criação de mecanismos que evitem mortes maternas, a aplicação da lei de planejamento familiar e a legalização do aborto.

A juventude também espera que o poder público transforme em políticas públicas de juventude as resoluções do 1º Encontro Nacional de Juventude Negra.

O secretário nacional de Juventude, Beto Cury, apontou a participação efetiva do movimento negro na conferência como uma surpresa muito positiva. Para Cury, é absurdo dizer que a juventude de hoje é alienada.

– Os jovens não são alienados. O que temos hoje é uma diversidade maior de manifestações estudantis. Antes, os movimentos eram, basicamente, estudantis – argumenta.

Segundo o secretário, o documento mostra essa pluralidade e a riqueza do debate que os jovens de hoje articulam. A ampliação e qualificação dos programas e projetos de esporte, tais como os programas Esporte e Lazer da Cidade, Bolsa Atleta e Segundo Tempo não ficou fora das reinvidicações.

Reivindicações

Um abaixo-assinado com 1.800 adesões foi entregue por um grupo de 60 jovens ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). O texto pede a aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 138, que insere o termo Juventude no texto da Constituição Federal, no capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Danilo Moreira, a tramitação da PEC facilitaria a aprovação de projetos como o Plano Nacional da Juventude (PL 4530/04), que estabelece um conjunto de metas relacionadas aos direitos dos jovens que o país deve cumprir.

Segundo Cury, a aprovação da PEC é uma passo importante na construção de um marco legal que colocará a juventude em foco nas políticas de Estado.

Chinaglia comprometeu-se em submeter a proposta a votação tão logo a pauta seja destravada.

Filosofia e Sociologia voltam ao curriculo do ensino médio

O Plenário aprovou nesta quinta-feira (8) o projeto de lei da Câmara 4/08 que inclui a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias do ensino médio. A matéria será encaminhada à sanção presidencial.

O projeto foi incluído na pauta de votações após aprovação de requerimento de urgência apresentado pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS). A matéria recebeu parecer favorável da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) na terça-feira (6).

Na discussão da proposta, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) saudou o
retorno das duas disciplinas ao ensino médio, 37 anos depois de serem
excluídas do currículo por decisão do regime militar que governou o
país (1964-1985), tendo sido, então, substituídas pela disciplina
Educação Moral e Cívica. A senadora frisou ainda que a proposta
tramitava há onze anos no Congresso Nacional.

- As duas disciplinas permitem à juventude acessar todas as matérias do
conhecimento, permite que se formem conceitos, caráter moral e que as
pessoas tenham uma visão humanista. Fizemos um acordo e votamos por
unanimidade. Hoje fizemos um grande benefício à juventude brasileira -
avaliou.

Publicado originalmente em 08/05/2008
Pela Agência Senado, por Paulo Sérgio Vasco

ProJovem Urbano vai beneficiar 900 mil pessoas, prevê Secretaria Nacional de Juventude

Jovens de 18 a 29 anos que saibam ler e escrever vão poder participar do Programa Nacional de Inclusão de Jovens - ProJovem Urbano. A expectativa é que cerca de 900 mil jovens possam ser beneficiados pela inciativa até 2010, segundo a Secretaria Nacional de Juventude. O ProJovem Urbano foi apresentado hoje (7) no Palácio do Planalto a prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes e representantes de governos estaduais

O Projovem Urbano compõe, com o ProJovem Adolescente, o ProJovem Campo e o ProJovem Trabalhador, o novo Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem). O antigo, criado em 2005, foi reformulado no mês passado para reunir ações voltadas aos jovens que antes eram desenvolvidas por vários ministérios.

Das quatro modalidades, o Projovem Urbano é o que vai desempenhar as atribuições originais do programa antigo. A meta é levar de volta à escola jovens fora da idade escolar, sem o ensino fundamental, desempregados e sem qualificação profissional.

No entanto, a nova versão traz algumas modificações. A faixa etária para participar do programa, que era de 18 a 24 anos, passou a incluir jovens de até 29 anos. Antes, eles precisavam ter estudado até a quarta série e agora a exigência passou a ser apenas a alfabetização.

Enquanto o programa original era restrito a 54 cidades com mais de 200 mil habitantes localizadas em regiões metropolitanas, a versão lançado hoje poderá ser implantado em qualquer município. Nas 130 cidades com mais de 200 mil habitantes, a adesão é feita diretamente pelas prefeituras. Nas demais, a execução do programa ficará a cargo dos governos estaduais que aderirem ao ProJovem Urbano.

Segundo o secretário Nacional de Juventude, Beto Cury, a elevação da idade limite, a redução da escolaridade e a inclusão de municípios do interior ampliam o público-alvo e aperfeiçoam o Projovem. “São modificações que aperfeiçoam o programa, ampliam o público-alvo e nos permitem atender mais jovens com essas características A gente sai de uma meta de 230 mil jovens atendidos para 900 mil até 2010, afirmou.

O valor da bolsa mensal de R$ 100,00 pago aos estudantes não foi alterado, mas a o período de permanência no programa foi ampliado de 12 para 18 meses. Além de aulas para concluir o ensino fundamental, o Projovem Urbano inclui cursos de capacitação em 23 áreas, ensino de informática e participação em ações comunitárias.

Ao apresentar a inciativa, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, destacou a importância do conjunto de ações para fazer com que os jovens fora da idade escolar concluam a 8ª série e possam ter mais chances na sociedade.

“É difícil trazer o jovens de volta para a escola. Muitos deles já estão na economia informal, fazendo bicos, trabalhos precários e muitas delas já são mães de família. Se oferecêssemos só o ensino talvez não fosse estímulo suficiente. Por isso, estamos oferecendo a formação escolar - acelerada, mas de qualidade -, a qualificação profissional, a informática, o trabalho comunitário. Tudo isso integrado estimula mais o jovem a voltar, a fazer com que todos tenham oportunidade de completar pelo menos a 8ª série”, afirmou.

Estão previstos para o ProJovem Urbano investimentos de R$ 1,2 bilhão até 2010 , R$ 394 mil deles a serem aplicados em 2008. O programa está sendo adaptado para que possa ser implantado inclusive em penitenciárias até o final desse ano.

O Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem) é coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência da República, por meio da Secretaria Nacional de Juventude, em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Foma (MDS), da Educação (MEC) e do Trabalho e Emprego (MTE). 

Para ler a matéria na integra:
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/05/07/materia.2008-05-07.9994370659/view

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