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De olho na mídia

De olho na mídia

Movimentos alertam: omissão reforça extermínio de jovens negros

Segundo informações do Programa das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), entre os jovens negros de 12 e 17 anos, morrem 14 adolescentes por dia

Brasília - Na avaliação de representantes do movimento negro consultados pela Carta Maior, entre o conjunto de ações na área da promoção da igualdade racial que vêm sendo marcadas baixa priorização por parte do governo, uma das mais dramáticas é o extermínio da população jovem negra. Segundo informações do Programa das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), entre os jovens negros de 12 e 17 anos, morrem 14 adolescentes por dia. De 1993 a 2002, o número de homicídios de jovens de 15 a 24 anos aumentou em 88%. Só em 2003, mais de 16 mil brasileiros nessa faixa etária foram assassinados. Além disso, a taxa de homicídios de afrodescendentes é 74% maior do que a média de brancos da mesma idade, e a morte por arma de fogo já constitui a principal causa entre a juventude.

“Todo este quadro de extermínio, e não há uma única palavra nem da Seppir e nem do Ministério da Justiça”, critica Edson Cardoso, editor do jornal Irohin e um dos organizadores da Marcha Zumbi+10 realizada ano passado. Para Cardoso, não adianta falar que há política de garantia de outros direitos se sequer o direito à vida é preservado. Segundo a liderança, a recorrência do fenômeno durante mais de uma década gerou o que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) chama de “vazio demográfico” nesta faixa etária. “Observe uma escola e você verá que há muito mais meninas do que meninos”, sugere Cardoso.

Em resposta a este quadro, o Movimento Negro Unificado lançou em 2005 a campanha “Reaja ou será morto”. De acordo com Marcos Alessando, coordenador nacional do MNU, o secretário especial de Direitos Humanos à época, Nilmário Miranda, foi convidado, mas não compareceu. “Já existiam dados de que o percentual de jovens negros exterminados era cada vez maior, tiveram situações como a da Baixada Fluminense, casos como o de Salvador e em quase todo o território nacional, e mesmo com estes dados e esta realidade o governo não empreendeu nenhuma ação articulada de combate aos grupos de extermínio”, critica.

A negligência pode ser evidenciada, continua, se comparada à resposta dada a este quadro com o episódio da morte da missionária Dorothy Stang. Após o assassinato de Stang, foi montada força-tarefa em pouco tempo os executores e mandantes do crime foram identificados, lembra Alessandro. “Mas infelizmente o mesmo tratamento não foi dado ao assassinato da juventude negra no país”, lamenta. Na opinião de Edson Cardoso, enquanto apresentou os êxitos da Polícia Federal e das iniciativas de estruturação das forças policiais e do apoio à construção de presídios, a campanha Lula simplesmente se omitiu da apresentação de uma proposta consistente que combata a ação de grupos de extermínio e do Estado no assassinato de jovens negros.

Para Cardoso, no entanto, o comprovado apoio da população negra à Lula nestas eleições, evidenciado pelo recorte de cor e raça empregado nas pesquisas, retornará em forte cobrança caso persista a omissão do governo federal para com problemas fundamentais como este. “A população negra não apoiou Lula para ampliar o Bolsa Família, foi para fazer muito mais do que isso”, afirma.

Publicado na Agência Carta Maior em 24/11/06.

Grupos protestam contra fechamento de colégio e aumento da tarifa de ônibus

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registra duas manifestações em São Paulo, na manhã desta quinta-feira

Na rua da Glória (centro), pais e alunos protestam contra o fechamento do colégio São José. Na quarta (22), pais e alunos também protestaram no local.

O fechamento é resultado de um um déficit mensal de R$ 50 mil e à queda no número de alunos. A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, mantenedora do colégio, afirma que a decisão é irreversível.

Na praça da Sé (centro), o protesto é contra o aumento da tarifa dos ônibus e foi convocado por movimentos estudantis e sociais. Não há confirmação sobre o número total de manifestantes.

De acordo com a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), os manifestantes deverão seguir da praça da Sé até a sede da prefeitura, no viaduto do Chá (centro).

O preço da passagem de ônibus vai passar de R$ 2 para R$ 2,30 a partir de terça-feira (28). A Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica da Câmara Municipal tenta reverter o reajuste e deve se reunir nesta quinta com o secretario de Transportes, Frederico Victor Moreira Bussinger, e com técnicos da pasta.

Publicado na Folha Online em 23/11/2006.

Trabalho é o tema da última edição da Revista Ciência e Cultura

A questão do trabalho, do emprego, da ocupação, da mobilidade social é grave no mundo contemporâneo e mais grave ainda em países como o Brasil, pois aponta para a necessidade de medidas políticas urgentes dos governos, das entidades e das instituições nacionais e internacionais

Editorial

Vivemos um momento delicado na história do planeta. E não por razões cósmicas, cosmológicas, astronômicas ou mesmo astrológicas. Não por razões naturais, pois, mas por razões culturais, quer dizer, por motivações sociais, políticas, religiosas e que tais.

Enumerar os graves problemas que o homem hoje enfrenta, em diferentes circunstâncias, mas com a mesma, intensa e indeslindável presença, é fazer desfilar uma lista interminável de alegorias do mal, da dor e do sofrimento.

Entre essas alegorias do padecimento humano nas sociedades contemporâneas está, qual uma locomotiva da crueldade do progresso, a do desemprego, a da falta de trabalho, a da ausência de perspectiva para o exercício de uma profissão, a da falta de ocupação e, consequentemente, a da negação da identidade pessoal por falta total do espelho no qual se reproduz a imagem social de nossas semelhanças e de nossas diferenças. Estamos no ponto de nos percebermos feitos ou só de semelhanças – o que produz, como significado, o ruído ensurdecedor do silêncio absoluto –, ou de puras diferenças – o que gera o silêncio alucinante do alarido contínuo.

Globalizam-se as condições de reprodução do capital financeiro ao preço de sacrifícios regionais – chamados emergentes – nunca antes conhecidos.

Daí o risco de que as populações possam vir a dissociar a democracia dos benefícios do bem-estar social gerado pelo desenvolvimento da economia. O que é ruim para os indivíduos, péssimo para a sociedade e pior ainda para os futuros da qualidade de vida do homem e do meio ambiente no planeta.

Uma das virtudes apregoadas da democracia é a visibilidade de suas formas de decisão, de representação e de participação das sociedades na formulação dos destinos de seus repousos e de suas transformações.

A hipocrisia democrática que só ponha ao alcance das populações os simulacros de seus benefícios sem, contudo, permitir-lhes o acesso real ao conforto material de suas liberdades ideológicas e/ou virtuais corre o risco de gerar, na percepção de seus atores e usuários, uma contradição perversa entre liberdade e bem-estar social.

Nesse momento, a hipocrisia subsumirá a sinceridade, e o vício, não tendo mais tributo a pagar a quem quer que seja, confundirá a virtude com uma inconveniência passageira a ser contornada para o pleno triunfo dos finalismos que tudo justificam.

Passa-se, assim, do equilíbrio ético construído entre o vício e a virtude para a plena vigência do cinismo de resultados competitivos, acirrando os individualismos a ponto de ameaçar a consistência dos elos que sustentam o contrato social que oferece condições de vida ao homem e que é razão de ser de sua vida em sociedade.

A questão do trabalho, do emprego, da ocupação, da mobilidade social é grave no mundo contemporâneo e mais grave ainda em países como o Brasil, pois aponta para a necessidade de medidas políticas urgentes dos governos, das entidades e das instituições nacionais e internacionais, que alterem a rota de colisão em que as nossas sociedades foram postas pelo primado do capital especulativo e pouco produtivo, não só do ponto de vista econômico, mas sobretudo do ponto de vista social, político e cultural.

É ao Trabalho que se dedica o núcleo temático deste número da revista, sob a coordenação do professor Marcio Pochmann, reunindo importantes pesquisadores e estudiosos do assunto no país.

Ficção, poesia, reportagens, notícias e informações fazem, como sempre, as margens dinâmicas dos fluxos temáticos que correm no intervalo entre Ciência e Cultura.

 Confira os artigos da Revista Ciência e Cultura, v.58 n.4 São Paulo out./dez. 2006
 

Futuro Negado: Juventude é maior vítima da década da violência no país

Pesquisa da Organização dos Estados Ibero-americanos coloca o Brasil na liderança dos países com maior número de mortes de jovens por armas de fogo. Ausência de políticas sistemáticas de inclusão, educação e emprego torna a juventude ainda mais vulnerável

SÃO PAULO –  “A juventude é a época de mais mudanças e incertezas. Se neste contexto o jovem não tiver perspectivas de chegar ao mercado de trabalho, de continuar seus estudos, ele se torna completamente vulnerável e corre um grande risco de se envolver em situações ilegais pela simples falta de opções. Não tem presente, não tem futuro”. A avaliação acima é de Jorge Werthein, assessor especial do Secretário-Geral da Organização dos Estados Ibero-americanos pra a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Nesta quinta-feira (16), a OEI lançou uma pesquisa que revela que o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo no ranking de mortes de jovens por armas de fogo. A taxa de 51,7 homicídios por 100 mil habitantes jovens registrada no país também coloca o Brasil no topo da lista de mortes violentas: é o terceiro, ficando atrás somente da Colômbia e da Venezuela. Os índices brasileiros são cerca de 100 vezes superiores aos de países como a Áustria, o Japão, o Egito ou Luxemburgo.

O estudo dá continuidade a um trabalho iniciado em 1998, quando foi elaborado o primeiro “Mapa da Violência: Os Jovens no Brasil”. Já naquela época as mortes representavam apenas a ponta visível do iceberg da violência generalizada que afeta e vitima a juventude do país. Mais três etapas foram divulgadas em 2000, 2002 e 2004. A pesquisa é resultado de uma análise das bases de dados do Subsistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), implementado pelo Ministério da Saúde, que centraliza as certidões de óbito emitidas. Para as comparações internacionais, foram utilizadas as bases de dados de mortalidade da Organização Mundial da Saúde (OMS), em cuja metodologia foi baseado o SIM. Os números publicizados esta semana são relativos ao período que vai de 1994 a 2004, quando os jovens de 15 a 24 anos representavam mais de 20% da população do país.

Nesta década, o número total de homicídios registrados pelo SIM cresceu em 48,4% – bem superior ao crescimento da população no mesmo período (16,5%). Entre os jovens, no entanto, o crescimento dos homicídios foi ainda maior: 64,2%, numa média anual de aumento na ordem de 5%. Quando se compara a população jovem com a não-jovem também fica evidente o brutal desequilíbrio entre o total de óbitos são atribuíveis a causas consideradas “externas” – além dos homicídios, os acidentes de trânsito e os suicídios. Na população não-jovem, somente 9,6% são atribuíveis a causas externas. Já entre os jovens, elas correspondem a 72,1% das mortes. Se na população não-jovem só 3% dos óbitos são causados por homicídios, entre os jovens os homicídios são responsáveis por 39,7% das mortes. Em estados como Pernambuco, Espírito Santo e Rio de Janeiro, mais da metade das mortes de jovens foram provocadas por homicídios.

Outro dado preocupante do estudo da OEI é o que mostra o alto percentual do uso de armas de fogo nos homicídios praticados contra jovens: mais de 75%.

“A incidência crescente de todas essas formas de violência, que torna nossos jovens, ao mesmo tempo, vítimas e algozes, exige do conjunto da sociedade uma análise mais aprofundada e uma atitude mais objetiva e responsável”, afirma o autor do relatório, Julio Jacobo Waiselfisz. “A violência também encontra um excelente caldo de cultivo na apatia, na falta de projeto de futuro, na ausência de perspectivas, na quebra dos valores de tolerância e solidariedade”, completa.

As vítimas desses homicídios também têm gênero e cor: 93% são homens e os negros apresentam um índice de vitimização 73,1% superior aos brancos na população total e 85,3% superior nos jovens. Esses níveis de vitimização por cor vêm crescendo nos últimos tempos: em 2002, eram de 65% e 74%, respectivamente. Na avaliação de Jorge Werthein, se também fosse feito um cruzamento dos dados por renda, as vítimas se concentrariam na camada mais carente da população. “A pobreza tem cor, e no Brasil ela é negra. São os jovens negros os que mais sofrem e são os mais vulneráveis do setor social”, afirma.

Para o assessor da OEI, o Brasil ainda não possui nenhuma política sistemática e profunda de inclusão social dos jovens, limitando profundamente suas possibilidade educacionais e de trabalho. “Hoje enfrentamos uma situação grave. Sete milhões de jovens brasileiros, o dobro da população do Uruguai, não trabalham nem estudam. Então é profundamente importante formular políticas de Estado para a juventude. E esta não é uma responsabilidade somente da União, mas também dos estados e municípios. Há governos que se preocupam com isso, mas há outros que não têm a mínima sensibilidade. E há experiências significativas que mostram que não é preciso esperar tanto tempo para encontrar soluções”, acredita.

O exemplo do município de Diadema, na Grande São Paulo, é dos melhores neste sentido. Considerada uma das cidades mais violentas do mundo na década passada, Diadema conseguiu reduzir drasticamente os índices de morte dos jovens a partir do investimento em programas integrais de segurança pública, educação continuada e geração de emprego e renda.

“Isso nos mostra que não estamos num estágio em que não é possível enfrentar o problema. Se houver decisão política para isso, é possível”, afirma Werthein. O relatório aponta os recentemente criados Conselho Nacional de Juventude, a Secretaria Nacional de Juventude e o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Pro Jovem) como parte de um esforço de tratar com relevância o tema da juventude. No entanto, o empenho precisaria ser maior. “A cada jovem espanhol que morre vítima de um homicídio, morrem 50 brasileiros. Quando ouvimos essa comparação, ficamos assustados. Mas isso dura 24 horas. Depois negamos este quadro e assumimos que os indicadores de morte de jovens no Brasil são normais. Aí banalizamos a morte e banalizamos a vida”, avalia.

Queda nos homicídios
Um dado positivo apontado pelo relatório é o de que, depois de longo período em que as cifras só aumentavam, entre 2003 e 2004 as mortes por armas de fogo caíram de 39.325 para 37.113, uma redução de mais de 5%. De acordo com a pesquisa, se for considerada a tendência histórica de aumentos do último qüinqüênio, o resultado esperado para 2004 seria de um total de 42.054 vítimas de armas de fogo. Isso significa que a queda foi, portanto, superior: de 9,6% para o total da população e de 11,2% para a população jovem. O estudo aponta a vigência do Estatuto do Desarmamento e a já implantada campanha de recolhimento das armas de fogo em mãos da população como razão para a melhoria do quadro.

“Observamos em muitos estados que havia um momento comum de inflexão, quando caem os homicídios, e que havia uma coincidência de que os estados que apresentaram uma redução maior do número de homicídios por armas de fogo foram os que mais haviam conseguido recolher armas”, explica Jorge Werthein. “Isso mostra que não basta só recolher armas e fazer cumprir a lei, mas informar e sensibilizar a população. Quando falamos do Estatuto, isso nunca foi somente um instrumento legal. Foi acompanhado de uma enorme campanha de mobilização, que levantou a consciência sobre uma situação em que havia muitas armas e muitos homicídios. E isso teve impacto. Por isso a campanha precisa continuar”, afirma.

Se a mesma análise for feita em relação aos dados de morte por acidentes de trânsito, será possível verificar que, depois de um período de queda (entre os anos de 1997 e 2000), diretamente imputável à vigência da nova Lei de Trânsito, a mortalidade foi recuperando fôlego. Assim, já em 2004, registrou-se praticamente o mesmo número de óbitos por acidentes de transporte que no pico de 1997.

“Ao não falamos do tema, não conseguimos mobilizar a população para impedir situações de risco e eliminar a comercialização e facilidade de acesso às armas de fogo. Nunca é o elemento repressivo, punitivo ou legal estabelecido que leva a uma melhoria significativa. E sim a política preventiva e sistemática”, acredita o assessor da OEI.

De acordo com o Mapa da Violência 2006, o problema no Brasil é conseqüência de uma grande diversidade de fatores individuais, grupais, culturais, sociais, econômicos e políticos. Fatores que se conjugam e não são fáceis de enfrentar ou de solucionar. Entre elas, a forte destruição social e desigualdade econômica que existe no país, das quais os jovens são as principais vítimas. Na avaliação da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, uma mudança neste quadro só será possível quando a vida perdida dos principais excluídos do país passar a ser considerada de fato.

Publicado na Agência Carta Maior em 17/11/2006.

Brasil é 3º país com mais assassinatos de jovens no mundo

A Colômbia, a Venezuela e o Brasil, nessa ordem, são os países que têm as mais altas taxas de assassinatos de jovens no mundo, mostrou um estudo divulgado na quinta-feira

Brasília (Reuters) - O "Mapa da Violência 2006 -- Os jovens do Brasil", apresentado em Brasília pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), analisou e comparou a estrutura da mortalidade dos jovens do país e fez recomendações para ações públicas e privadas para combater as mortes de jovens.

"Entre 84 países do mundo, com sua taxa de 27 homicídios em geral para cada 100 mil habitantes, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking, atrás da Colômbia e com taxas quase iguais às de Rússia e Venezuela", afirmou o relatório da OEI.

"Entre os jovens a situação é mais grave. A taxa de 51,7 homicídios para cada 100 mil jovens, registrada em 2004, coloca o Brasil na terceira posição, depois de Colômbia e Venezuela", disse o levantamento.

Esse índice é de 30 a 40 vezes maior que as taxas de mortes juvenis de países como Inglaterra, França, Alemanha, Áustria e Egito.

O estudo, elaborado com base em dados oficiais, mostrou que a taxa de homicídios de jovens brasileiros entre 1994 e 2004 cresceu a um ritmo maior que o número de assassinatos entre a população total.

Em 2004, o Brasil contava com uma população jovem (entre 15 e 24 anos) de 36 milhões de pessoas, um pouco mais que 20 por cento do total de habitantes.

"Mais de 20 por cento da população jovem não estuda nem trabalha. Isso significa rua, bares, álcool, droga, transgressão de normas. Existe um jeito jovem de viver, mas também um jeito jovem de morrer", disse na apresentação do trabalho seu coordenador, Julio Jacobo Waiselfisz.

Segundo o levantamento da OEI com dados de 2004, os Estados mais violentos para os jovens brasileiros são Pernambuco, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A grande maioria dos jovens assassinados é de homens -- 93 por cento -- e negros.

O estudo constatou também que as mortes de jovens, seja por homicídios, acidentes de trânsito ou suicídios, aumentam consideravelmente nos fins de semana. Por isso, Waiselfisz recomendou a adoção de mais medidas públicas preventivas nesse período. (Por Guido Nejamkis)

Publicado na página Uol Últimas Notícias em 16/11/2006.

Os esforços e os obstáculos para se promover uma pedagogia da juventude

Educação é o tema da edição de novembro da Revista Onda Jovem

IBGE divulga estudo especial da PME sobre Cor ou Raça

População declaradamente preta e parda tem menos escolaridade e um rendimento médio equivalente à metade do recebido pela população branca, na média das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Já a taxa de desocupação dos pretos e pardos (11,8%) é superior à dos brancos (8,6%)

Em setembro de 2006, a população declaradamente preta ou parda representava 42,8% das 39,8 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade nas seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre). A PME segue o sistema de classificação de cor ou raça adotado pelas pesquisas domiciliares do IBGE, no qual o informante escolhe uma entre cinco opções: branca, preta, parda, amarela ou indígena.

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=737&id_pagina=1

Jovens de classe média: planos profissionais antes dos conjugais

Estudo apoiado pela FAPERJ e coordenado pela psicóloga Terezinha Féres-Carneiro, do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), sugere que os projetos profissionais estão mais presentes nos planos e preocupações dos jovens do que a vida conjugal

Foi-se o tempo em que o casamento (considerando tanto os casamentos formais quanto informais) era etapa fundamental nos planos dos jovens adultos das classes média e média alta urbanas, sejam homens ou mulheres. Perguntados sobre como se imaginavam daqui a dez anos, apenas a minoria do público entrevistado citou espontaneamente o casamento.

O objetivo original da pesquisa Conjugalidade dos pais e projetos de vida dos filhos frente ao laço conjugal era identificar que influência o casamento dos pais pode exercer nos projetos de casamento dos filhos. Para isso, a equipe da PUC-Rio aplicou um questionário entre jovens de 19 a 30 anos (amostra de 278 universitários de classes média e média alta) para avaliar qual era sua percepção em relação ao casamento dos pais – como avaliavam seu grau de satisfação.

Em seguida, foram entrevistados 14 jovens (sete homens e sete mulheres) dentre aqueles que classificaram o casamento dos pais como muito satisfatório ou, no extremo oposto, como muito insatisfatório. Os resultados parciais mostraram que, mesmo entre os que avaliaram a convivência dos pais como muito satisfatória, a maioria, independente do sexo, não citava espontaneamente o casamento, mesmo que informal, em seus planos.

Apenas seis jovens (três homens e três mulheres) o mencionaram. Entre os homens, a conjugalidade não apareceu como prioridade e sim como uma etapa posterior à conquista de estabilidade financeira, de viagens de aprimoramento profissional ou de lazer. Entre as mulheres, a priorização da vida profissional também foi apontada. “Mas, diferentemente dos homens, a vontade de ter filhos aparece como fundamental. A maternidade, porém, não está necessariamente vinculada ao casamento: duas entrevistadas afirmaram que pretendiam ser mães solteiras”, destaca Terezinha.

A pesquisa constatou que a inclusão do casamento nos projetos de vida dos jovens solteiros não está vinculada diretamente à avaliação da conjugalidade dos pais. De acordo com a pesquisadora, estudos sobre casamento e separação no Brasil têm demonstrado uma crescente taxa de divórcios e uma significativa diminuição no número de casamentos formais. “Além de casarem formalmente cada vez menos, os brasileiros também estão casando cada vez mais tarde”, destaca a pesquisadora.

Segundo o Anuário Estatístico, publicado em 2004 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média dos homens ao se casarem aumentou de 26,9 anos em 1990, para 31,6 anos em 2002. Entre as mulheres, a média de idade subiu de 23,5 anos, para 26,3 anos no mesmo período. Em estudo anterior, Terezinha já havia apontado que hoje existe um adiamento não apenas do casamento, mas também da saída da casa dos pais, mesmo entre os jovens adultos que já tenham independência financeira.

Para Terezinha, a ida das mulheres para o mercado de trabalho e a liberdade sexual contribuíram muito para essa mudança na percepção sobre o casamento. “Em gerações anteriores, os papéis de gênero eram muito bem definidos e o casamento ocupava um lugar de destaque no projeto de vida, sobretudo das mulheres. Hoje, homens e mulheres precisaram se adaptar a uma nova realidade”, sugere a pesquisadora.

Paralelamente, Terezinha também está conduzindo um estudo de validação do questionário que foi utilizado na primeira fase da pesquisa, na qual os jovens avaliaram o casamento dos pais. Nesse estudo, o público-alvo será muito mais abrangente, com faixas etárias mais amplas, diferentes camadas sociais e mais de mil respondentes.
 
Publicado no Boletim Faperj em 16/11/2006 

Boletim Juventude na Cena - nº2

Esta edição é uma tentativa de melhor diagnosticar a condição juvenil no mercado de trabalho, pensar e repensar as possibilidades de trabalho e emprego para a sociedade de modo geral e esse segmento em particular

Editorial: Qual o lugar ocupado pelos jovens no mundo do trabalho?  

Desde os anos 90 observamos um aumento dos índices de desemprego e uma intensa precarização do mercado de trabalho brasileiro. Os jovens, e mais fortemente as jovens, representam um dos grupos mais atingidos por essa realidade. É nesse cenário que se espraiam iniciativas do governo e da sociedade civil com vistas a encontrar saídas, nem sempre convergentes para o desemprego juvenil.

As chamadas políticas de geração de trabalho e renda são recentes no país e têm sido fortemente marcadas pela oferta de possibilidades de qualificação aos trabalhadores e trabalhadoras.  Quando se trata de pensar saídas para os segmentos juvenis, o foco na perspectiva de elevação de escolaridade e qualificação é ainda maior. E, em parte considerável dos casos, as saídas apresentam-se na forma de programas que aliam transferência de renda com atividades socioeducativas, nem sempre com foco na qualificação profissional ou na construção de caminhos para o mundo do trabalho.

Sem negar a importância da transferência de renda e das atividades socioeducativas, que podem produzir importantes mudanças nas trajetórias educacional e profissional dos jovens, quando realizadas com qualidade, cabe questionar a maior centralidade na dimensão educativa, quando se trata de pensar alternativas junto aos jovens. Certamente esta dimensão tem uma importância no atual contexto, mas não poderíamos pensar no trabalho como um direito dos jovens e das jovens?

Segundo nossa Constituição, o trabalho é um direito de todo cidadão e cidadã a partir dos 16 anos de idade. Queremos ou não garantir esse direito? Se sim, que tipo de estratégia seria preciso desenvolver? Que trabalho, em quais condições, com qual jornada e para quais jovens? Se não, o que seria oferecido aos jovens de nosso país que desejam e não conseguem alcançar um lugar no mundo do trabalho?

Muitos têm dito que o trabalho já não ocupa um lugar central na vida dos jovens. Ora, dados de pesquisas recentes parecem contrariar essa opinião: num contexto de falta de trabalho, mais precisamente de trabalho assalariado, o tema preocupa os jovens e as jovens, independente de variações de classe social, sexo, idade, escolaridade, entre outras.

Alguns jovens buscam e são incentivados a criar alternativas de trabalho não assalariado nesse contexto, mas, muitas vezes, esbarram em perspectivas (deles próprios, inclusive) que não reconhecem muitas dessas atividades como um "verdadeiro trabalho". Além disso, parece central um olhar específico para os espaços de trabalho. Sabe-se que a maior parte dos jovens brasileiros, especialmente a partir dos 18 anos, trabalha, mas em condições e jornadas diversas e pouco debatidas.

Na tentativa de melhor diagnosticar a condição juvenil no mercado de trabalho, pensar e repensar as possibilidades de trabalho e emprego para a sociedade de modo geral e esse segmento em particular  trazemos a público este boletim, inspirado em dias  de muito debate entre atores diversos.

Leia também:  

- Artigo: Juventude e mundo do trabalho  

- Entrevistas: Márcio Pochman e Cláudio Dedecca falam sobre saídas para o desemprego juvenil  
     
- Juventudes e mundo do trabalho: para onde ir?  
     
- O que os jovens têm a dizer sobre trabalho?  
       
-  Almanaque traz opinião de organizações e movimentos juvenis  
       
- Visões do cooperativismo jovem: ação educativa ou geração de renda?

Boletim Juventude na Cena, nº 2, novembro 2006 - Ação Educativa

Boletim CLAM

Confira notícias do Boletim CLAM - Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Boletim CLAM, 08 de novembro de 2006

EAD em destaque no Cairo
Projeto do governo federal em parceria com o CLAM, o curso a distância Gênero e Diversidade na Escola será o foco de uma audiência pública organizada pelo International Sexuality Forum (ISF), no dia 9 de novembro, na cidade do Cairo, Egito. 

 Homofobia na escola
O antropólogo Eric Cantor, professor da Universidade Pedagógica Nacional da Colômbia e diretor da Corporação Promover Cidadania, fala dos resultados de uma pesquisa sobre homofobia no ensino médio, realizada na cidade de Bogotá.(texto em espanhol)

Feminismos em disputa
Dois painéis que compuseram a 7ª Jornada Nacional de História das Mulheres e o 3º Congresso Iberoamericano de Gênero debateram em Córdoba, Argentina, os modos de entender a sexualidade e os direitos reprodutivos. (texto em espanhol)

Mulheres lutando por seus direitos
O aborto, a liberdade para Romina Tejerina, o reaparecimento com vida da testemunha Jorge Julio López e o questionamento do poder da igreja católica, foram os pontos destacados no 21º Encontro Nacional de Mulheres da Argentina, realizado na semana passada em Jujuy. (texto em espanhol)

Movimentos em foco
O livro “Mulheres e Movimentos”, de Cláudia Ferreira e Cláudia Bonan, conta a história do movimento feminista nos últimos quinze anos, através da cobertura de grandes eventos ocorridos no Brasil e no mundo. Para contar tal história, o livro conjuga texto e imagem.

Masculino, Feminino, Plural
A editora Mulheres está relançando o livro Masculino, Feminino, Plural: Gênero na Interdisciplinaridade. Publicado em 1998, o livro encontrava-se esgotado. A coletânea analisa aspectos importantes do debate teórico-metodológico presente nos anos 90 sobre os estudos de gênero no Brasil.

CLAM na Anpocs 2006
O 30º Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) terminou no sábado, 28 de outubro, em Caxambu, Minas Gerais. O CLAM participou do evento através de três grupos temáticos (GTs) e lançou livros de sua coleção.

A academia e o feminismo
Alejandra Martín e Carla Klema, integrantes do Comitê organizador do III Congresso Iberoamericano de Gênero e a VIII Jornada Nacional da História das Mulheres, falam da programação do evento e da comunhão entre a academia e o feminismo. (texto em espanhol)

EAD termina com êxito
O curso a distância Gênero e Diversidade na Escola, projeto do governo federal em parceria com o CLAM, chega ao fim com saldo positivo, tendo alcançado o objetivo de sensibilizar os professores cursistas em relação às temáticas de gênero, relações étnico-raciais e diversidade sexual.

Marcha contra GLBT
Em 28 de setembro aconteceu, em Bogotá, Colômbia, uma marcha de evangélicos e católicos contra os direitos das pessoas GLBT, evidenciando as tensões sociais em torno das conquistas dos direitos sexuais e reprodutivos. (texto em espanhol)

 Pacto de União Civil no Chile
O advogado Mauricio Tapia, redator do Pacto de União Civil chileno, criado para dar garantias patrimoniais a quem não deseja se casar, explica o projeto e por que ainda não é possível uma iniciativa legal que contemple o casamento entre homossexuais. (texto em espanhol)

 Lei de cotas deveria ser revista
Para a socióloga Jacqueline Pitanguy, vários fatores contribuem para a prevalência do quadro tradicional de exclusão das mulheres na política e nos espaços formais de poder no Brasil, entre eles, a inadequação da lei de cotas e a ausência de uma agenda política de gênero.

Cotas, ainda uma questão
Autora de um estudo que enfoca a legislação de cotas por sexo na política, a socióloga Almira Rodrigues afirma ser necessário repensar o sistema político eleitoral e partidário brasileiro, já que a participação das mulheres em processos eleitorais ainda enfrenta resistências.
 

Notícias na rede

Feministas apoyan la lucha de la sociedad civil de Oaxaca

La puerta entreabierta

Lanzan fondo para incluir debate sobre aborto terapéutico en Chile

Congreso de Nicaragua penaliza todo tipo de aborto

Fomentan Proyectos de No Discriminación en VIH SIDA

¿Como el proyecto de derechos patrimoniales y de seguridad social, para parejas del mismo sexo impacta al panorama electoral colombiano?

Informe demuestra que aumentó discriminación sexual

Presentan nueva organización civil de personas transgénero

Sondeo UC-Adimark sobre los cambios culturales en el Chile del Bicentenario: La familia chilena, hasta que la muerte la separe

Las izquierdas en la ALDF se comprometen a aprobar la Ley de Sociedades de Convivencia

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