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Usuários de drogas: 62% são da classe A

Pesquisa divulgada pela Fundação Getúlio Vargas revela o perfil de quem consome droga no Brasil

Quem declara que consome droga no Brasil é, em sua grande maioria, jovem, homem, solteiro e da classe A. Esse é um dos perfis traçados pelo estudo "O Estado da Juventude: Drogas, Prisões e Acidentes", divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), durante o seminário Desafios da Gestão Pública de Segurança, no Rio de Janeiro. O trabalho tem como base a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), de 2003. Durante a pesquisa, a mais recente, foram entrevistadas 182 mil pessoas em todo o país.

Desse total, 0,06% se declarou espontaneamente consumidor de drogas - principalmente maconha, cocaína e lança-perfume. "Os problemas ligados à juventude são um mistério. A sociedade tem falhado nisso. Temos perdido um contigente muito grande de jovens para as drogas e para a violência. Falta uma política voltada especificamente para isso. Então, que (eles) liberem ou reprimam efetivamente as drogas", diz o coordenador da pesquisa, o economista Marcelo Neri, da FGV.

De acordo com o levantamento, 86% dos consumidores de droga têm entre 10 e 29 anos contra 39% da população em geral. Além disso, 99% são do sexo masculino, contra 49,82% da população. E 62% (5,8% no geral) são da classe A. Em média, eles gastavam com drogas R$ 45 por mês em 2003 - o equivalente hoje a R$ 75 mensais. Neri faz um paralelo com o filme "Tropa de Elite", em que universitários de classe alta são retratados como um dos fomentadores do tráfico de drogas.

O economista da FGV, no entanto, ressalta o seu estudo, dizendo que a percepção de impunidade pode fazer com que os usuários mais ricos tenham menos medo de se expor que os mais pobres. No estudo, onde Neri também traça um perfil do presidiário e das vítimas de acidentes de trânsito, o economista defende que os governos estaduais tenham autonomia para elaborar políticas direcionadas aos jovens em pelo menos três áreas: ensino médio, segurança pública e trânsito.

Legislação

"No Brasil, quando se muda uma legislação, mudase a legislação nacional, ao contrário de outros países, como os Estados Unidos. Seria muito importante que deixassem os estados mudarem o parâmetro da sua legislação estadual sobre trânsito e violência para a gente até aprender em termos nacionais e ter uma noção do impacto da medida", disse o economista, lembrando que na cidade paulista de Diadema o índice de violência e acidentes de trânsito caiu após a instituição da lei seca.

De acordo com a FGV, o dado de quem se declara consumidor declarado de drogas deve ser interpretado como resultado da interação entre as despesas com drogas e a propensão a declará-la. O estudo da Fundação Getulio Vargas levou em conta quatro tipos de droga: maconha, cigarros de maconha, lança-perfume e cocaína. (Com agências)

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Maioria dos presos tem entre 20 e 29 anos

O estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que 51,96% dos presos brasileiros têm entre 20 anos e 29 anos. O segmento representa 29,52% da população geral do país. Os dados apontam ainda que 77,44% não possuem ensino fundamental, contra 60,27% da população adulta do Brasil. Conforme o estudo, 96,61% dos presos são homens, enquanto apenas 48,26% da população é do sexo masculino. O estudo aponta que, entre os presos, 79,10% são solteiros, bem acima dos 24,12% registrados em toda a população. O estudo revela que 51,68% são católicos, 12,64% são evangélicos e 16,21% não possuem religião.

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Agressão já atingiu 27% dos alunos, diz FGV

Dados da pesquisa "O Estado da Juventude: Drogas, Prisões e Acidentes" mostram que 27% dos alunos brasileiros alegam ter sido agredidos fisicamente dentro das escolas. O estudo indica ainda que mais de 50% dos professores reclamaram de agressões, sendo 2,65% de forma física e 47,93% de maneira verbal. Os números, retirados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb/Inep) e avaliados neste ano, mostram que em 4,1% das escolas foram informados casos de alunos portanto armas de fogo. As reclamações com relação a armas brancas representam 17,2%. Outro enfoque do estudo foi a atuação de gangues nas escolas do país, mostrando que em 19,8% das instituições há ações desses grupos nas áreas externas e em 3% as gangues agem nas áreas internas.

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Em Minas, 3,04% das mães perderam o caçula

Em Minas, segundo o estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 3,04% das mães de 40 a 50 anos já perderam o filho caçula devido à criminalidade. O percentual fica abaixo do índice nacional (3,22%), mas, segundo o pesquisador Marcelo Neri, ainda não é bom. O melhor índice, disse Neri, foi encontrado em Santa Catairina (2,01%) e o pior, no Rio Grande do Norte e Paraíba (5,8%). Neri informou ainda que, quanto à mortalidade por causas externas, a taxa de 61 mortes para cada 100 mil habitantes obtida em Minas está abaixo na média nacional, de 69 - índice que ele não considera ruim.

Publicado originalmente em: 24/10/2007, no endereço http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=60106