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A reação da Faculdade de Educação aos furtos

Estudantes de Pedagogia fazem apitaço contra a falta de segurança na FEUFFFaculdade de Educação da UFF pode não abrir as portas no segundo semestre. Cerca de 30 pessoas entre professores e alunos participaram da reunião de Colegiado de Unidade, no dia 02 de julho que apontou as falhas de segurança na Universidade e propôs medidas para evitar novos roubos

A reunião ocorreu por conta do furto ocorrido há pouco mais de um mês no prédio da Faculdade de Educação (FEUFF). Aparentemente, teriam sido dois homens que invadiram e fugiram levando computadores, aparelhos de DVD, data show, notebooks, monitores LCD, aparelho de som, gravador de DVD, câmera fotográfica, filmadoras e microfone.

Desde janeiro até maio deste ano, a FEUFF foi saqueada cinco vezes e nenhuma providência havia sido tomada até o último furto. A Polícia Federal investigou os furtos anteriores, mas sem sucesso. De acordo com os membros das comissões de sindicância, há indícios de que os sucessivos roubos ocorridos na FEUFF foram realizados por uma mesma quadrilha.

Diante da falta de segurança do prédio que expõe não só equipamentos, mas a integridade física de todos  os usuários, da negligência de vigias/vigilantes das empresas Croll e Centauro e da omissão da reitoria diante do ocorrido, a proposta de paralisação por tempo indeterminado foi levantada e apoiada pelos presentes na reunião de Colegiado como forma de pressionar para que reformas sejam realizadas com urgência na unidade.

“Precisamos tomar medidas muito radicais, o reitor deve deixar a sua posição de magnífico e assumir a sua função de administrador”, indignou-se o professor Dácio Tavares.

Universidade grita por socorro

A Comissão de Sindicância, composta por professores e funcionários, após apurar as gravações das câmeras de segurança no dia do furto, coletar entrevistas e informações, apresentou em seu relatório as fragilidades do prédio da FEUFF que teriam facilitado o acesso dos criminosos.

De acordo com a Comissão, problemas de ordem administrativa como a imprecisão do número de pessoas que possuem a chave da porta de acesso ao prédio da faculdade de Educação e o precário esquema de monitoramento interno denotam as falhas da segurança na unidade.

A diretora da FEUFF, professora Márcia Pessanha rebateu as acusações de omissão:

“Sensores de movimento e câmeras foram requeridos, mas a instalação depende de outras pessoas e não apenas de nós”.

Em relação ao furto do dia 29/30 de maio a comissão de sindicância acredita que um dos ladrões seria Imagens da câmera de segurança da Faculdade de Educação durante o furtoalguém com bom conhecimento do espaço interno da Faculdade de Educação. Com base nas gravações, afirmam também que os criminosos possuem um conhecimento técnico sobre os equipamentos furtados.

O relatório aponta ainda que houve displicência por parte dos funcionários da Croll e da Centauro (empresas responsáveis pela segurança da UFF) que faziam a ronda no dia do crime. As comissões levantaram questões que não foram respondidas até agora: o veículo que transportava o material furtado passou pela guarita da entrada principal do Campus Gragoatá?

Não é a primeira vez que uma grande quantidade de material da universidade é saqueada e consegue sair despercebida do Campus Gragoatá. De acordo com informações recolhidas pela Comissão de Segurança Patrimonial, em fevereiro deste ano cerca de 600 kg de carne de frango, mais de 100 Kg de carne seca e dois computadores, foram furtados do restaurante universitário

Medidas emergenciais

Com o objetivo de assessorar o colegiado de unidade e a direção da faculdade em medidas para cessar os furtos na instituição, a Comissão Provisória de Segurança Patrimonial, além de apontar os a vulnerabilidade de segurança e as falhas administrativas da direção da FEUFF,  sugeriu 22 medidas para impedir que novos roubos.

As entrevistas com servidores, professores, superintendentes da UFF, supervisores e vigias da Croll realizadas pela Comissão Provisória de Segurança afirmou que o campus do Gragoatá é um chamariz para ações criminosas.

A comissão ainda atestou a insuficiência de segurança para o número de pessoas que circulam no Campus. De acordo com a apuração, já foram três os casos que envolveram assalto a mão armada e dois estupros.

A revolta de professores e alunos tomou conta da reunião. Indignado com a falta de atitude da administração da Faculdade de Educação e da Reitoria, o professor Paulo Carrano falou o quanto o acúmulo de fatos como furtos e displicência, sem investigação e punição, compõe uma cadeia de omissões que tendem a se agravar mais, caso nada seja feito. A indignação do professor Carrano vem com motivo: só neste ano o grupo de pesquisa que coordena, já sofreu dois furtos de equipamentos na Faculdade de Educação:

“Está impossível trabalhar neste prédio, não tenho confiança nesta instituição para deixar o nosso material de pesquisa aqui.”

“Esta situação me faz sentir vergonha de ser funcionário público”, comentou o professor com indignação.

Carrano teme perder o acervo de mais de 400 horas de filmagens do grupo de pesquisa que coordena. O próximo documentário do Observatório Jovem com jovens moradores de uma comunidade popular em Niterói está em fase de edição, são cerca de 100 horas de gravação que estão sendo transcritas e selecionadas. Caso os ladrões roubassem as fitas com mais de seis meses de filmagem, além dos equipamentos, o prejuízo seria inestimável e não poderia ser ressarcido.

Diante deste quadro de vulnerabilidade, a Comissão Provisória de Segurança Patrimonial propôs 22 medidas que vão desde a reforma na área estrutural do prédio de Educação até regras para a identificação na portaria de visitantes à unidade.

Segundo o relatório da Comissão Patrimonial, todas as proposições poderão ser utilizadas para formulação da política de segurança patrimonial, que hoje é inexistente na Faculdade de Educação. Os membros da comissão destacam também que atualmente administradores de todos os níveis hierárquicos da UFF, dificilmente formulam medidas eficazes para a proteção do patrimônio, ou quando o fazem, não verificam se as diretrizes estão sendo cumpridas.  

As indignações e problemas apresentados na reunião de Colegiado da Unidade, rendeu uma pauta de reivindicações feita pela direção da Faculdade de Educação que será entregue à Reitoria.

A empresa de segurança assumiu que houve negligência dos seus funcionários e se responsabilizou em ressarcir o equipamento furtado, mas até o momento a firma não deu uma previsão de quando irá repor o material. 

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