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Militares do caso da Providência são denunciados por homicídio

Após a morte dos três jovens, moradores da Providência fizeram um protesto pendurando um boneco com farda militar (Foto: Domingos Peixoto/Ag. O Globo)O Ministério
Público Federal (MPF) denunciou nesta segunda-feira (30) à Justiça
Federal os 11 militares do Exército por três crimes de homicídio
triplamente qualificado, cometidos contra Wellington Gonzaga Ferreira, David Wilson da Silva e Marcos Paulo Campos em 14 de junho

 

As três vítimas eram moradores do Morro da Providência e foram
entregues pelos militares a traficantes do Morro da Mineira, onde foram
torturados e assassinados com 46 tiros.

A denúncia, feita pelos procuradores da República Patrícia Núñez Weber,
Neide Cardoso de Oliveira, José Augusto Vagos e Fábio Seghese foi
protocolada na 7ª Vara Federal Criminal. Depois de recebida, os
interrogatórios dos acusados serão marcados para os próximos dias, já
que todos estão presos preventivamente. No fim do processo, se os réus
não forem absolvidos pela Justiça, serão julgados pelo Tribunal Federal
do Júri Popular.

 Triplamente qualificado

O MPF imputou a cada militar os crimes de homicídio triplamente
qualificados, porque foram cometidos cruelmente, sem possibilidade de
defesa pelas vítimas e por motivo torpe. A pena para cada réu varia de
12 a 30 anos.

A denúncia partiu de investigações da Polícia Civil, em inquérito
enviado na semana anterior pela Justiça Estadual à Justiça Federal.
Além de ratificarem o pedido de prisão preventiva dos 11 denunciados,
os procuradores pediram à 7a Vara que requisitasse ao Ministério
Público Militar uma cópia do Inquérito Militar, que também apura os
crimes militares cometidos.

 Como aconteceu

Os militares vigiavam o Morro da Providência durante as reformas de
casas no projeto federal Cimento Social. Segundo o MPF, comandados pelo
tenente Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, eles levaram as três
vítimas num caminhão do Exército ao Morro da Mineira, controlado por
uma facção de traficantes rival aos que atuam no Morro da Providência.
Segundo a denúncia, todos os réus sabiam que os jovens seriam mortos.

O MPF pediu ao juiz Marcelo Granado, da 7a Vara, a quebra dos sigilos
telefônicos dos militares, para apurar se houve contato prévio entre os
eles e os traficantes do Morro da Mineira. Isso porque, segundo o MPF,
os 11 entraram em zona hostil de forma amistosa, conversando
tranqüilamente com um integrante da facção antes de entregarem as
vítimas.

"Demonstramos na denúncia a variada participação de cada um dos
denunciados na barbárie cometida. Nosso objetivo é que, através do
processo penal consigamos a responsabilização dos denunciados, na exata
medida de suas culpabilidades, a fim de que a flagrante ofensa cometida
aos direitos humanos não fique impune", afirmou a procuradora Patrícia
Núñez.

Os denunciados pelo MPF são: Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade,
Leandro Maia Bueno, José Ricardo Rodrigues de Araújo, Renato de
Oliveira Alves, Samuel de Souza de Oliveira, Eduardo Pereira de
Oliveira, Bruno Eduardo de Fátima, Sidney de Oliveira Barros, Fabiano
Eloi dos Santos, Julio Almeida Ré e Rafael Cunha da Costa S