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III Colóquio Luso-Brasileiro de Sociologia da Educação - Problemas Contemporâneos de Brasil e Portugal: desafios à pesquisa

Brasil_Portugal.jpg25, 26 e 27 de julho de 2012

UFRJ-Campus da Praia Vermelha

A data limite para recebimento de propostas no formato de resumo expandido será 03 de Março de 2012.

Para mais informações:

Acesse a página do Colóquio

Objetivos

Com maior ou menor intensidade, mas de forma bastante consensual, a educação tem sido assumida como um elemento central no processo de modernização das sociedades. Com o mandato de contribuir para a construção de estados-nação, através da formação de cidadãos, promovendo, por esta via, a homogeneidade cultural e a coesão social, os modernos sistemas escolares implicaram, num primeiro momento, a instituição de uma educação básica para todos. Foi, no entanto, a partir da segunda metade do século XX com a expansão em massa da escolaridade secundária e superior na maioria dos países do mundo ocidental que a escola se tornou lugar de grandes esperanças e investimentos individuais e coletivos. Vista como a pedra de toque da mudança social, particularmente do progresso econômico e da justiça social, a crença nas vantagens da educação escolar assumiu-se de forma inabalável, independentemente do grau e/ou tipo de modernização.
Os recentes sinais de contradição, incerteza e crise que as transformações econômicas, socioculturais e políticas ocorridas na Europa a partir da década de 70 do século XX têm vindo a emitir, parecem revelar, no entanto, um desencanto relativamente às crenças na bondade da educação formal.
A própria produção científica na área da sociologia da educação poderá para isso ter contribuído ao desmontar algumas das contradições e dos mitos associados ao desenvolvimento dos sistemas educativos contemporâneos, denunciando fenômenos como o insucesso acadêmico e a iliteracia, a incerteza na transição da escola para o trabalho, o desajustamento entre diplomas e empregos ou a inexistência de uma relação de causalidade entre progresso econômico e nível de qualificação das populações.
O desencanto perante a constatação de que a escola (ainda) não é capaz de cumprir os grandes desígnios que lhe foram atribuídos, não invalidou, no entanto, que muitas famílias continuem a nela depositar fortes expectativas e dela dependam para ascender socialmente. Nem impediu que os sectores políticos lhe continuassem a atribuir múltiplas funções, enquanto defendem a necessidade de monitorizar e avaliar os seus resultados. Espaço de construção e afirmação de identidades infantis e juvenis, a escola é, por outro lado, um local onde, cada vez mais cedo, se aprende também a “estar” e “a ser”. O crescente alargamento da composição socioeconômica da população estudantil do ensino superior, por sua vez, tem encantado todos aqueles que encaravam como uma fatalidade o peso das heranças sociais no acesso aos diplomas escolares e nos destinos sociais. A penetração crescente das novas tecnologias no universo educativo e familiar, em grande medida por via da ação dos jovens, poderão também constituir, para alguns setores sociais, um motivo de retorno à escola e de (re) valorização da crença no sistema educativo de massas.
Pesquisadores do campo da Sociologia da Educação estão atentos também aos múltiplos tempos e espaços socioculturais não escolares onde crianças e jovens experimentam sociabilidades e modos de vida. Estes se configuram como processos educativos que atuam na produção das subjetividades contemporâneas. É neste sentido que este III Colóquio abrigará temáticas diretamente relacionadas com os processos de escolarização formal e não formal que envolvem questões que dizem respeito à justiça e governança dos sistemas educativos, relações entre famílias e escola, as culturas das infâncias e das juventudes e as novas tecnologias e midias.  
Equacionar estes fenômenos a partir do sentido ampliado do processo educacional e das especificidades que marcam o desenvolvimento dos sistemas educativos e dos desafios particulares que Portugal e o Brasil encerram, constitui justamente o propósito do III colóquio luso-brasileiro de Sociologia da Educação.
Há alguns anos, pesquisadores brasileiros e portugueses que se ocupam de análises sociológicas dos fenômenos educacionais têm tido oportunidade de discutir seus trabalhos em eventos e atividades acadêmicas. Esta aproximação se aprofundou gerando publicações. Lançadas as bases dessa colaboração científica em torno da Sociologia da Educação, buscamos avançar em formas institucionalizadas de trabalho cooperativo que pudessem ampliar essa interlocução, envolvendo nela um maior número de participantes e beneficiando mais profundamente aqueles que já vêm desenvolvendo atividades em parceria com os colegas de além-mar. Neste contexto, foi realizado o I Colóquio nos dias 19 a 21 de novembro de 2008, Belo Horizonte, MG, que articulou-se em torno do tema “Família, escola e juventude: olhares cruzados Brasil/Portugal”. A produção apresentada naquele ano foi socializada em CD-ROM e em livro (no prelo). Em 2010 um segundo colóquio foi realizado em Portalegre, Portugal, intitulado “Habitar a Escola e suas Margens – geografias plurais em confronto”. Estes dois primeiros colóquios foram organizados de forma a privilegiar discussões sobre caminhos de pesquisa que vinham sendo trilhados por pesquisadores brasileiros e portugueses previamente convidados.
O formato dos dois primeiros colóquios permitiu discussões em profundidade de temáticas, de caminhos teórico metodológicos e de resultados de trabalhos realizados com instrumentais da Sociologia da Educação em Portugal e no Brasil. Este formato produziu os efeitos esperados permitindo a realização de um terceiro colóquio em 2012 onde haverá ampliação do número de participantes. Para isto serão organizadas mesas redondas com convidados pela manhã e apresentação/discussão de trabalhos selecionados pelo Comitê Científico entre propostas enviadas por candidatos a tarde.
Neste colóquio serão privilegiadas, tanto na composição das mesas redondas de convidados quanto nas discussões de trabalhos, resultados de pesquisa empírica. Pretende-se assim, propiciar conhecimento mútuo das temáticas que têm sido mais focalizadas pelos pesquisadores no campo da Sociologia da Educação em Portugal e no Brasil, das contribuições que este campo científico vem dando para o conhecimento da educação nos dois países. O colóquio deverá ampliar a compreensão de aproximações e distâncias de desafios que a educação vem colocando à pesquisa sociológica nos dois países.