Acervo
Vídeos
Galeria
Projetos


Estudantes de Comunicação de todo o Brasil reunem-se pela democratização da informação

Na semana do dia 20 à 27 de julho mais de 650 estudantes de Comunicação
de todo o Brasil reuniram-se em Niterói na Universidade Federal Fluminense
(UFF) para o 29°Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENECOM). “Eu
organizo o movimento, eu oriento o carnaval” com lema que ressalta a cultura
popular do Rio de Janeiro e a conscientização política, o evento promoveu o
intercâmbio de conhecimentos por espaços de vivência, rodas de diálogos, mesas
de discussão, oficinas, festas e ato pelas ruas da cidade de Niterói

A democratização da comunicação foi o centro das discussões do Encontro,
e um dos pilares para o evento ser sediado no Rio de Janeiro. Segundo os
organizadores o fato do maior oligopólio de comunicação do país, as
Organizações Globo, estar localizado no Rio de Janeiro contribuiu para que o
estado  sediasse o Encontro.

Na quarta-feira (23) uma manifestação dos
estudantes parou as ruas do centro de Niterói. Inicialmente o ato pela
democratização da comunicação seria na Lapa, no Rio de Janeiro. Mas devido à
falta de infra-estrutura para levar os manifestantes até lá, a organização
optou por realizar a passeata pelas ruas de Niterói. O ato mobilizou cerca de
duzentos estudantes que saíram do campus do Gragoatá e seguiram até o centro de
Niterói, distribuindo panfletos para a população.

Com jets, stencil e criatividade os
manifestantes coloriram as ruas por onde passavam. Com desenhos e frases os
estudantes questionaram a política de segurança pública que adota o
enfrentamento direto como solução à criminalidade. A ANATEL que legisla em
causa dos grandes oligopólios de comunicação e impede o direito de livre
expressão das mídias comunitárias, como as rádios. Além disso, os estudantes
dialogaram com a população de Niterói sobre a fusão da Brasil Telecom e a Oi
Telemar e apoiaram as causas dos índios guaranis, que tiveram a reserva
incendiada na região oceânica de Niterói. Dois índios estiveram presentes no ato
representando os integrantes da aldeia destruída.

A expressão por dizeres como “Odeia a
mídia, seja a mídia”, caricaturas do Capitão Nascimento segurando flores no
lugar de fuzil e a exaltação da cultura popular brasileira por ilustrações que
remetiam a rodas de capoeira, marcaram a passagem dos estudantes pelo centro de
Niterói. 

Os espaços de vivência foram os destaques
do ENECOM. Os participantes conheceram projetos como a Escola Popular de
Fotógrafos no Complexo da Maré, O Jongo da Serrinha no Morro da Serrinha em
Madureira, a sede do jornal alternativo Fazendo Média no centro do Rio, a Rádio
Comunitária no Morro do Estado e o Quilombo das Guerreiras Na Zona portuária do
RJ. A estudante de Jornalismo da UFMG, Mariana Congo Ezidora , 21, disse que
foi uma experiência única. “Nunca tinha subido num morro, foi importante ver
como eles se organizam cultural e socialmente”. Mariana ainda ressaltou a
importância do evento ser sediado no Rio de Janeiro. “O Rio é uma explosão cultural
e contribuiu muito o fato do encontro ser aqui para aproximar os estudantes de
uma realidade que não é a vendida pela mídia.” afirmou Mariana.    

As mesas de debates que discutiram temas
como Educação Popular e Comunicação dialogaram com os estudantes e fomentaram
discussões. O coordenador do Observatório Jovem e Professor da Faculdade de
Educação da UFF, Paulo Carrano foi um dos palestrantes da mesa sobre Educação
Popular. A qualidade do ensino nas Universidades e as propostas do Reuni foram
questões colocadas pelo público aos palestrantes. De acordo com a organização
mais de cem estudantes participaram da mesa sobre Educação.

A
programação diária era encerrada com festas que propunham uma integração maior
entre os estudantes. Tropicália, samba de roda, gafieira, funk, hip hop,
maracatu, rock e reggae deram o tom das seis noites de ENECOM no Campus do
Gragoatá. Mas a proposta de divertimento e confraternização foi abalada na
noite de terça-feira (22) por volta das 22 horas, quando o estudante de
História da Universidade Federal Fluminense (UFF) Glauber de Oliveira Montes,
24, foi agredido pelos seguranças que ficam na portaria do Campus Gragoatá.

Segundo o estudante, o segurança que não
se identificou, começou a agredi-lo verbalmente após vê-lo entregar, pela cerca
do Campus, o crachá de identificação para que uma amiga pudesse entrar na festa. De acordo com Glauber, o segurança após a
discussão ordenou  que o estudante se
retirasse da portaria, o rapaz alegou que não sairia. Foi neste momento que, de
acordo com o universitário, o segurança aplicou um golpe desequilibrante, que o
derrubou no chão, provocando esfolamento no cotovelo e luxação no tornozelo.
Glauber afirmou que se levantou do chão e pediu novamente a Identificação do
guarda para levar o seu nome a Organização e não foi atendido. “O segurança
disse que ele mesmo me conduziria até a Organização do evento, foi quando me
conduziu por um caminho escuro e me agrediu novamente.” O estudante disse que
nesta segunda agressão perdeu documentos (Habilitação, CPF e a carteira de
alimentação do restaurante universitário) e que só não apanhou mais porque
conseguiu correr.

A Organização do Encontro disse que o
evento era fechado e que só permitia a entrada de estudantes da UFF e alunos de
outras Instituições matriculados no curso de Comunicação com a apresentação da
carteira estudantil. A Comissão Organizadora afirmou ter lamentado o fato, e
que prestou toda a assistência necessária para que no dia seguinte Glauber
fosse até a Delegacia prestar queixa contra o agressor. Mas que não pode se
responsabilizar diretamente pelo ocorrido, uma vez que a agressão partiu dos
seguranças contratados pela própria Universidade para assegurar o patrimônio do
Campus do Gragoatá.

O universitário agredido não culpou a
Organização do Encontro pelo ocorrido, mas alegou que faltou durante o evento
um membro da equipe para acompanhar a entrada das pessoas na festa. Glauber já
levou o caso para um advogado que analisará a melhor forma de proceder.

De modo geral a Organização e os
participantes do Encontro tiveram uma avaliação positiva do evento. O medo e a
insegurança de organizar um encontro nacional que na última edição, em 2006, na
cidade de Salvador (BA), teve uma critica negativa foram superados. Uma equipe
composta em grande parte por membros recém chegados ao movimento estudantil
mostrou estar disposta a suar a camisa em pró da Comunicação. 

Conheça o site e o Blog do Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação.