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Desemprego juvenil aumenta em todo o mundo, diz OIT

Relatório recém-lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que o número de jovens desempregados aumentou de 74 a 85 milhões, um incremento de 14,8%, no período entre 1995 e 2005

Relatório recém-lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que o número de jovens desempregados aumentou de 74 a 85 milhões, um incremento de 14,8%, no período entre 1995 e 2005. Segundo o documento, cerca de 25% da população juvenil (aproximadamente 300 milhões de pessoas) vive abaixo da linha de pobreza de 2 dólares diários.

A OIT estima que serão necessários 400 milhões de empregos decentes e produtivos, ou seja, mais e melhores trabalhos, para aproveitar ao máximo o potencial da juventude atual. Segundo o relatório, a possibilidade de que um jovem esteja desempregado é o triplo da de um adulto. O texto destaca que as desvantagens relativas enfrentadas pelos jovens são maiores no mundo em desenvolvimento, onde representam uma parcela maior da força laboral do que nos países industrializados.

"A incapacidade das economias para criar empregos decentes e produtivos, apesar do incremento no crescimento econômico está golpeando com força os jovens do mundo", disse o diretor-geral da OIT, Juan Somavia. "Além de gerar um déficit de oportunidades de trabalho decente e altos níveis de incerteza econômica, esta preocupante tendência ameaça as perspectivas econômicas de um dos nossos principais recursos: nossas mulheres e homens jovens".

O relatório destaca que no mundo do trabalho atual a juventude enfrenta importantes vulnerabilidades e alerta que a falta de trabalho decente, quando ocorre muito cedo, pode comprometer de forma permanente as possibilidades futuras de emprego. Ainda segundo o documento, é urgente responder ao chamado da Organização das Nações Unidas para desenvolver estratégias que dêem aos jovens a oportunidade de maximizar seu potencial produtivo com empregos dignos.

O relatório também diz que:

- Um de cada três integrantes da população juvenil mundial de 1,1 bilhão de pessoas entre 15 e 24 anos está buscando trabalho sem êxito, abandonou essa busca completamente ou está empregado e vive com menos de dois dólares diários.

- A população juvenil cresceu 13,2% entre 1995 e 2005. No entanto a disponibilidade de empregos para este segmento da população aumentou somente 3,8% até alcançar 548 milhões.

- Os jovens desempregados representam 44% do total de desempregados no mundo, apesar de sua participação na população em idade de trabalhar ser de apenas 25%.

- A taxa de desemprego juvenil foi muito mais alta que a do desemprego adulto de 4,6% em 2005, depois de ter um aumento de 12,5% em 1995 e de 13,5% no ano passado.

"A juventude ociosa custa muito", diz o relatório, notando que a impossibilidade de encontrar um emprego gera uma sensação de vulnerabilidade, inutilidade. Existem custos para a juventude, mas também para as economia e as sociedades, em termos de diminuição de poupanças, perdas de demanda agregada, diminuição de investimentos e custos sociais como os que se requerem para serviços de prevenção do crime ou do uso de drogas.

"Tudo isso afeta a capacidade de desenvolvimento da economia", disse Somavia. "Neste momento, estamos desperdiçando em potencial econômico uma grande parte da população, em especial nos países em desenvolvimento, que são os que menos podem permitir isso. Por isso os países devem concentrar-se nos jovens".

Crise mundial

A taxa de desemprego juvenil mais elevada foi registrada na região do Oriente Médio e África do Norte, com 25,7%. Europa Central e Leste Europeu (fora da União Européia) e a CEI têm a segunda taxa mais alta, com 19,9%. A taxa da África subsaariana foi de 18,1%, seguida de América Latina e Caribe, com 16,6%; Sudeste Asiático e Pacífico, com 15,8%; as economias industrializadas e a União Européia, com 13,1%; Ásia Meridional, com 10%, e Ásia Oriental, com 7,8%.

A região das economias industrializadas e a União Européia foi a única que teve uma queda considerável do desemprego juvenil nos últimos dez anos. Esta mudança foi atribuída à menor participação dos jovens na força de trabalho, mais do que a estratégias de emprego exitosas.

Os desafios são ainda maiores no caso das mulheres jovens, já que é muito menos freqüente que estejam trabalhando ou buscando emprego. A diferença de participação na força de trabalho que existe entre homens e mulheres jovens é maior no mundo em desenvolvimento. Por exemplo, existem 35 pontos percentuais de diferença na Ásia Meridional, 29 no Oriente Médio e África do Norte, 19 na América Latina e 16 tanto no Sudeste Asiático e no Pacífico como na África subsaariana. Essa diferença é produzida por tradições culturais, falta de oportunidades para que mulheres jovens possam combinar o trabalho com as tarefas domésticas e a tendências dos mercados laborais a descartarem as mulheres mais rápido do que os homens quando diminuem os postos de trabalho.

Ao mesmo tempo, a disponibilidade de um emprego já não representa uma garantia de sustentabilidade econômica para os jovens. A pobreza é persistente entre 56% dos jovens trabalhadores, os quais, além disso, enfrentam a possibilidade de ter jornadas extensas, contratos temporários ou informais, baixos salários, proteção social escassa ou inexistente, mínima capacitação e falta de voz no trabalho. Está claro que existe uma diferença entre ter um trabalho e ter um trabalho decente.

O relatório também registra um "preocupante" aumento no número de jovens que não trabalha ou estuda. Usando a limitada informação que existe sobre esse tema nos países, estima que 34% dos jovens da Europa Central e do Leste não trabalham nem estudam. A taxa detectada foi de 27% para a África subsaariana, 21% na América Central e do Sul, e 13% nas economias industrializadas e na União Européia.

Além de identificar os principais desafios relacionados com o emprego dos jovens, o relatório tenta esclarecer alguns mal-entendidos freqüentes relacionados com esse tema e nota que:

- O acesso à educação continua sendo um problema para muitos jovens, e o analfabetismo ainda é um desafio importante em muitos países em desenvolvimento.

- Alcançar maior graduação educacional não garante o caminho até o trabalho para os jovens, especialmente quando se fala de trabalho decente.

- Quando o crescimento econômico é escasso ou quando não repercute na criação de empregos, a segurança laboral costuma ser mais importante para os jovens que a satisfação laboral.

- As taxas de desemprego juvenil somente deixam exposta a ponta do iceberg dos problemas que os jovens enfrentam no mercado laboral e não oferecem uma imagem completa dos desafios pendentes. Existem dois grupos maiores que os desempregados: os jovens desalentados e os jovens que trabalham mas são pobres.

- Os jovens não foram um grupo homogêneo. Portanto são justificadas as intervenções que apontam a superação das desvantagens que experimentam grupos específicos em sua entrada e permanência no mercado laboral.

- O setor agrícola e as áreas rurais ainda geram mais de 40% do emprego no mundo e são a principal fonte de trabalho em diversas regiões. Apesar da crescente migração para as cidades, a geração de empregos em áreas rurais continua sendo relevante para as estratégias de emprego juvenil e para as de redução da pobreza. A melhoria dos salários e a redução da pobreza em setores rurais contribuirá para conter a migração de jovens para as grandes cidades, que já estão congestionadas.

O relatório destaca que quando a primeira experiência de uma pessoa jovem no mercado laboral é um grande desemprego, o mais provável é que continue afetado por períodos de falta de trabalho alternados com empregos mal pagos. É necessário desenvolver políticas e programas nacionais integrais, respaldados por ajuda internacional, voltados diretamente para ajudar os jovens mais vulneráveis e reincorporá-los em uma sociedade civil que pode beneficiar-se de sua participação.

"É um princípio inegável, reconhecido pela ONU e outras organizações internacionais e governos, o fato de que soment através de oportunidades de trabalho decente os jovens poderão sair por si mesmos da pobreza", disse Somavia. "As estratégias de emprego juvenil são uma contribuição-chave para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio".

• Informações reproduzidas do site da Organização Internacional do Trabalho. A íntegra do relatório está disponível, em espanhol, clique aqui (arquivo pdf zip). 

 Matéria originalmente publicada na Revista do Terceiro Setor

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