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Taxa de fecundidade entre os jovens cai ao nível dos anos 80

Proporção de nascidos de mães entre 15 e 19 anos foi de 6,4%, contra 7,9% em 2000

O Brasil passou a registrar taxa de fecundidade na faixa etária dos 15 anos a 19 anos inferior aos patamares dos anos 80. Em 2007, diz o IBGE, a proporção de filhos nascidos de mães nessas idades chegou a 6,4%. Isso representa uma queda em relação ao percentual de 2000 (7,9%) e um retorno às taxas verificadas em 1980 (6,5%)

Outra conta feita pelo IBGE para o ano de 2007 mostra que, nesse grupo de 15 a 19 anos, a maioria (56%) das mães tinha mais de 18 anos. As demógrafas Elza Berquó e Suzana Cavenaghi já haviam detectado essa retração da fecundidade jovem num estudo divulgado em 2005 que considerava três fontes de dados: as pesquisas do IBGE, as estatísticas do Ministério da Saúde e os registros em cartório.

Cavenaghi afirma, no entanto, que a confirmação da tendência de queda só virá de forma mais precisa quando o IBGE realizar o Censo de 2010, já que todas as fontes de pesquisa atualizadas anualmente contêm algum grau de imprecisão quando se trata de verificar a gravidez adolescente.

"Além da dificuldade de registrar os nascimentos no caso de mães jovens, não temos certeza se a projeção da população na faixa etária de 15 a 19 anos está precisa. É preciso esperar o censo para calcular melhor essa taxa, mas já é possível dizer, ao menos, que a tendência de aumento na década de 90 não continuou nesta década", diz a pesquisadora.

Ela diz que os fatores que influenciaram a queda ou a interrupção da trajetória crescente da fecundidade jovem foram o maior uso de anticoncepcionais, o aumento da escolaridade das mulheres e as campanhas de conscientização. Para a psicóloga Dilma Medeiros, que trabalha com jovens num projeto da Prefeitura do Rio, mesmo com a queda na taxa de fecundidade, é preciso manter o atendimento especialmente às mais pobres.

Diretora do Adolescentro Paulo Freire - em frente à Rocinha-, ela conta que o atendimento precisa ser individual, considerando caso a caso. "Há casos em que a gravidez contribui para desestruturar a vida de uma jovem, mas há outros em que isso é uma saída de uma situação mais vulnerável. Já vi casos aqui de jovens que conseguiram sair da casa dos pais, onde eram maltratadas, para morar com um companheiro depois de engravidar."

Rafaela Martins, 19, era uma das atendidas ontem no centro. Ela já está no segundo filho e abandonou a escola quando estava na quinta série. "Minha vida mudou para melhor, e hoje estou mais feliz”.