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Pesquisa Unicef

Estado tem 235 mil crianças e jovens fora da escola
Mais de 200 mil sem escola

Dados revelam que situação mais crítica é dos adolescentes entre 15 e 17 anos. Pelo menos 111 mil pernambucanos nesta faixa etária estão sem estudar

Duzentos e trinta e cinco mil crianças e adolescentes pernambucanos entre 4 e 17 anos estão fora da escola. Em todo o Brasil são 4,5 milhões, dos quais 1,3 milhão na Região Nordeste, nesta mesma faixa etária, longe dos bancos escolares. A situação mais crítica, no Estado, é a dos jovens de 15 a 17 anos. São 111 mil sem estudar. É o que mostra relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado ontem. Além de apontar indicadores educacionais, o estudo Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender traz índices de renda, proteção e saúde.

De zero aos 3 anos, idade em que as crianças deveriam estar em creches, os percentuais são mais expressivos no que se refere à falta de acesso. Em Pernambuco, 84,2% não estão em creches. No País são 82,9% e no Nordeste, 85,9%. “Visitei três creches e nenhuma tinha vaga para meu filho. Deveriam criar mais espaços para as crianças menores. Ou haver mais vagas disponíveis nas creches. Quero trabalhar, mas fica difícil”, conta Joelma Lopes Freitas, 29 anos, moradora da Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife, e mãe de Jemerson, 3 anos.

Segundo o relatório do Unicef, as taxas de conclusão do ensino fundamental são baixas. Apenas em 12 dos 27 Estados brasileiros, o índice de alunos que terminam esta etapa é maior que 50%. Os melhores percentuais estão nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul (70,9%, 63,6% e 62,6%, respectivamente). Em Pernambuco, de cada cem estudantes, só 45 concluem o ensino fundamental. No ensino médio a situação é pior: em apenas sete Estados a taxa de concluintes supera os 50%. Dos 192.005 jovens pernambucanos matriculados no 1º ano, 87.911 – o equivalente a 45,8% – chegaram ao final do 3º ano.

Há dois meses Catarina (nome fictício), 15 anos, abandonou a escola, na Ilha do Leite, área central do Recife. Agora, ela passa o dia limpando para-brisas de veículos em um semáforo da Avenida Agamenon Magalhães, área central. “Estava na 8ª série. Mas comecei a faltar muito. Resolvi parar de vez. Queria fazer um curso e arrumar emprego porque ficar no sinal é muito ruim”, conta Catarina, cuja mãe está desempregada e só estudou até a 1ª série. O irmão da adolescente, que tem 16 anos, parou de estudar na 6ª série. “Minha mãe não trabalha. Tenho que arrumar dinheiro pra gente comer. O jeito foi vir limpar para-brisa para ganhar um trocado”, diz a garota, que junta entre R$ 15 e R$ 20 por mês.

DEFICIÊNCIA

O estudo mostra que crianças e adolescentes indígenas, quilombolas, com deficiência ou que vivem no campo são as que enfrentam mais dificuldade de acesso à educação. Garotos com deficiência vivenciam ainda problemas de exclusão e discriminação. Os dados revelam a dificuldade de progressão desse grupo. Enquanto 70,8% cursam o ensino fundamental, apenas 2,5% estão no ensino médio.

Em quatro municípios da Região Metropolitana – Recife, Olinda, Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho – a organização não governamental Tempo de Crescer desenvolve, com apoio do Unicef, projeto que promove inclusão social e o atendimento crianças autistas, psicóticas, hiperativas (têm transtornos invasivos de desenvolvimento).

O relatório faz ainda radiografia da educação para crianças e adolescentes em conflito com a lei. Em relação ao semiárido pernambucano, dados indicam que a região tem registrado avanços, mas é preciso garantir o direito de aprender. Pernambuco detém a maior taxa de abandono no ensino fundamental entre os 11 Estados que formam o semiárido brasileiro, 17,5%.

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Serviço do Observatório Jovem/UFF: Acesse aqui o relatório completo da pesquisa Situação da Infância e da Adolescência Brasileira 2009 – O Direito de Aprender e respectivas tabelas.