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Meninos do Recife - Uma representação de Abelardo da Hora sobre a miséria, nos tempos de cultura e educação popular

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Biografia 

Abelardo Germano da Hora (São Lourenço da Mata, PE, 1924 - Recife, PE, 2014). Escultor, desenhista, gravador, ceramista, professor. Cursa a Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. Posteriormente, frequenta o curso livre de escultura da Escola de Belas Artes de Recife, onde é aluno de Casimiro Correia. A partir da década de 1940, realiza vários trabalhos em cerâmica para o industrial Ricardo Brennand, com temas relacionados a frutas e motivos regionais. Em 1946, participa da criação da Sociedade de Arte Moderna de Recife (SAMR), que dirige por quase dez anos. Durante a década de 1940, o artista realiza gravuras com temática social, presente também nas esculturas. Funda, juntamente com Gilvan Samico (1928-2013), Wilton de Souza (1933), Wellington Virgolino (1929-1988), Ionaldo (1933-2002), Ivan Carneiro e Marius Lauritzen (1930) o Ateliê Coletivo, que dirige entre 1952 e 1957. Nesse período, Abelardo da Hora passa a produzir várias esculturas para praças do Recife, representando tipos populares. Durante a década de 1960, exerce várias atividades, entre as quais: diretor da Divisão de Parques e Jardins, secretário de Educação e diretor da Divisão de Artes Plásticas e Artesanato, em Recife. É o fundador do Movimento de Cultura Popular (MCP), na mesma cidade, que abrange, além das artes plásticas, música, dança e teatro. Publica, em 1962, o álbum de gravuras Meninos do Recife. Em 1986, é criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, pertencente à prefeitura de Recife.

Comentário Crítico
Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em que é visível a influência da obra de Candido Portinari (1903-1962). Na xilogravura  Meninos do Recife denuncia a  miséria por meio da representação de crianças esquálidas, apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que acrescenta um grau de sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista produz várias esculturas para praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos populares, inspirados na cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a admiração pela obra de Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem posteriores, como em  Desamparados  e  Água para o Morro (ambos de 1974).

Abelardo da Hora possui importante papel na renovação do panorama artístico pernambucano, integrando, em 1946, a Sociedade de Arte Moderna de Recife, com o propósito de criar um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, artes plásticas, teatro e música. A partir dessa associação, é criado em 1952 o Ateliê Coletivo, uma oficina que ministra cursos de desenho, da qual participam nomes  representativos em Pernambuco, como Gilvan Samico, José Cláudio (1932) e Aloísio Magalhães (1927-1982), entre outros.

Fonte da Biografia e comentário crítico: Enciclopédia Itaú Cultural