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Entrevista com Kamyla Castro - Juventude Tucana

Kamyla Castro (PSDB)Kamyla Castro, 27 anos, é Presidente Nacional da Juventude Tucana e graduada em Análise de Sistemas

Observatório Jovem (OJ) - O tema da juventude aparece no programa de governo de Geraldo Alckmim, mas não há um ponto específico sobre o tema. Por quê?

Kamyla Castro (KC) – A juventude está inserida em diversos segmentos, por isso não há um ponto específico no programa. Mas está sendo feita uma discussão sobre elevarmos esse segmento específico da juventude quando percebemos que a juventude hoje é uma temática nacional em todos os âmbitos governamentais. Hoje existem várias secretarias estaduais de juventude. Essa é uma percepção que está sendo vista com bons olhos para que possamos fortalecer ainda mais esse trabalho no plano de governo do doutor Geraldo.

OJ – Qual foi o lugar da juventude nos dois governos do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso?

KC – Foi no governo Fernando Henrique que começaram alguns projetos para a juventude. Os Centros de Juventude, o Agente Jovem para o Desenvolvimento (sic) foram dois focos onde a juventude teve uma inserção muito fortalecida. Percebemos que ainda precisa haver um fortalecimento. Temos hoje a experiência do doutor Geraldo em São Paulo, o Ação Jovem, que é um programa que tem um conteúdo fantástico. Infelizmente temos que tocar no assunto, mas o governo Lula imitou, assimilou elementos do Ação Jovem e colocou no ProJovem.

OJ – O que prevê o Ação Jovem?

KC – O Ação Jovem vem buscar os jovens que estão fora da escola dando uma alternativa para que eles retornem, com garantia de inserção em cursos profissionalizantes e com uma ajuda de custo para que ele possa retornar e garantir as suas atividades. Mas a diferença que a gente atribui é que o Ação Jovem foi assinado em 2002 quando o doutor Geraldo assumiu o governo do Estado de São Paulo. Já o ProJovem, está sendo construído quando o Lula está terminando o seu mandato e está sendo usado como ferramenta eleitoreira. É uma mesadinha do governo Lula para a juventude, para que assim sejam garantidos votos.

OJ – O ProJovem garante o ensino desses jovens até a 8ª série e não prevê uma continuidade para o Ensino Médio, o Ação Jovem também?

KC – O Ação Jovem tem sido um piloto em São Paulo onde nós estamos agora analisando a grande possibilidade de reiterá-lo também para o ensino médio.

OJ – Mas o Ação Jovem funciona desde quando?

KC – Desde de 2002, com o início do governo de Geraldo Alckmin em São Paulo.

OJ – O que seria o "Programa Nacional de Transporte do Estudante" previsto no plano de governo de Geraldo Alckmin?

KC – Seria uma espécie de incentivo para o estudante ir a escola diante da dificuldade que ele tem de transporte, mas, sobretudo, funcionaria como uma garantia real da presença do aluno na escola.

OJ – Qual a abrangência desse programa?

KC – Eu não tenho esses dados tão detalhados como você imagina, mas eu posso buscar. Como você mesmo citou, o programa de juventude está segmentado em vários eixos, algumas pessoas ficaram mais a parte desses detalhes.

OJ – Mas a juventude do PSDB participou da elaboração do programa?

KC – A juventude do PSDB contribuiu. Nós realizamos o Conselho Político Nacional, em Belo Horizonte, no dia oito de junho, com a participação de mais de 12 estados, com a juventude do PSDB representada. Na ocasião nós fizemos a discussão dessas propostas e encaminhamos à coordenação de programa de governo para que elas fossem implementadas.

OJ – O Conselho Nacional de Juventude criado pelo governo Lula seria mantido no governo do PSDB?

KC – Entendemos que o Conselho Nacional da Juventude tem uma extrema importância principalmente pela discussão, pela oportunidade do diálogo entre governo e a sociedade. Porém, nós vimos alguns erros onde pretendemos trabalhar. Pretendemos continuar, mas de modo que o conselho seja discutido de uma forma melhor.

OJ – Quais são os erros verificados por vocês?

KC – Percebemos que o Conselho foi muito de discussão e nada de execução. Embora o Conselho seja um canal de diálogo, as reuniões aconteceram com espaços de tempo muito grande e não houve consenso. Avaliamos também que o Conselho teve muitos conselheiros, 70 e tantos (são 60 os conselheiros do CONJUV), quando ele poderia ter um número mais reduzido de conselheiros e uma representatividade mais elevada.

OJ – A composição do conselho é outro ponto no qual gostaríamos de tocar. De que maneira esse conselho seria formado?

KC – Pretendemos ter a representatividade de todos os movimentos de juventude, amplamente representados nos seus estados, e também todas as etnias, todas as representatividades naturais dos estudantes, enfim, todas as representatividades que já estão sendo absorvidas hoje. Porém, que nós discutíssemos de forma mais ampliada os direitos da juventude e como podemos executá-los de uma forma mais ampliada.

OJ – O Conselho Nacional de Juventude no governo Lula foi constituído por indicação, o governo Alckmin manteria essa forma?

KC – A gente sempre preza pela questão da democracia. Nosso partido é o partido da social democracia brasileira onde a gente acima de tudo quer fazer jus a essa causa e pensamos a oportunidade de que esse Conselho seja amplamente discutido pela sociedade. Que ele seja de uma forma seletiva, para que ele tenha uma representatividade natural e naturalmente represente a sociedade.

OJ – E a Secretaria Nacional de Juventude também criada no atual governo, seria mantida?

KC – A secretaria nós também compreendemos que é um canal importantíssimo pela representatividade da juventude. Porém, nós entendemos que além de uma política de estado natural, a secretaria deve ter um status real de ministério. Isso não está ainda decidido, é uma opinião da juventude do PSDB. Nós compreendemos hoje que a temática da juventude não só compreende os jovens, mas o universo que a juventude ocupa de fato tem uma dimensão muito grande, que é a questão das políticas públicas, dimensão esta segmentada em diversos eixos. Compreendemos que a juventude pode ter uma representatividade muito maior no governo de Geraldo Alckmin.

OJ – Alguma outra política do atual governo seria mantida e/ou modificada?

KC – Não chego a confirmar nesse momento.

OJ – No programa consta que o Pro Uni seria aperfeiçoado...

KC – É, aperfeiçoado. É também uma temática importantíssima, mas estamos estudando uma maneira de ampliá-lo. O que também temos percebido é que há uma necessidade da criação de um "Fundo Nacional de Juventude". Existe hoje o Fundo da Infância e da Adolescência, mas a gente compreende que há a necessidade do "Fundo Nacional da Juventude" para que possamos realmente entender que seria fundamental alguns recursos para financiar algumas idéias. Por exemplo, a criação de um selo para empresas que façam doações ou o incentivo fiscal, ou seja, onde a gente possa entender que para a participação dos jovens eles precisam ser agentes das políticas públicas. Mas também não há como ter participação juvenil sem que a juventude participe das decisões.

OJ – Então, esse fundo proveria as ações do governo no campo da juventude?

KC – É, seria uma forma de verificarmos essas políticas como tendo um caráter integrador de ações de vários setores do Estado e da Sociedade. Seria para financiar alguns projetos não só provenientes da secretaria de juventude, mas dos diversos pilares da sociedade.

OJ – Ainda sobre o ProUni, você falou que ele seria aperfeiçoado. O ProUni destina vagas de instituições privadas de ensino, que possuem isenção de impostos, a estudantes pobres. Além do aperfeiçoamento dessa política, está prevista no programa de governo de Geraldo Alckmin alguma outra proposta com relação à expansão de vagas para esses mesmos jovens em instituições públicas?

KC – O interesse é que sim, que realmente tenha essa oportunidade para esses jovens. Porém, nós percebemos que precisamos também trabalhar com a questão do Ensino Médio e Básico para que esses alunos cheguem à universidade com uma formação mais qualificada. Mas, nós entendemos que o ProUni é importante e que nós precisamos dar continuidade e estudar ainda a ampliação dessas vagas.

OJ – Mas ampliação de vagas nas instituições de ensino privadas ou públicas?

KC – Nas instituições privadas, mas também com a possibilidade de expansão das vagas nas públicas.

OJ – O que seria o Protec previsto no programa do candidato Geraldo Alckmin?

KC – É um programa de bolsas de estudo que permite o acesso de pessoas de baixa renda ao ensino técnico oferecido por instituições particulares de comprovada qualidade.

OJ – Em nível de Ensino Médio?

KC – Sim, a princípio seria em nível de Ensino Médio. Porque o programa se destina justamente a aquelas pessoas de baixa renda que estão um pouco afastadas da escola e teriam a oportunidade do ensino técnico como uma medida profissional.

OJ – No subitem "emprego dos jovens" estão previstos os "contratos de formação", você saberia me explicar como funcionaria na prática essa proposta?

KC – Esta também eu vou deixar para te responder posteriormente.

OJ – Com relação às políticas de emprego para a juventude em um eventual governo do PSDB, o que está previsto?

OJ – Essa é uma das maiores ações de real importância para a gente. O governo Lula prometeu 10 milhões de emprego e na realidade foi um programa pífio o programa "Primeiro Emprego", que não saiu do papel. E o que a gente demanda hoje é criar condições para o país voltar a crescer pelo menos 5% ao ano durante a próxima década. Isso para que a economia possa absolver os milhares de jovens que entram no mercado todos os anos. Então, nesse primeiro momento, a expectativa maior é criar condições para o país voltar a crescer pelo menos 5%, dando essa oportunidade para que a juventude possa se inserir no mercado de trabalho.

OJ – Esses jovens seriam capacitados para esse mercado por meio de projetos como o Protec?

KC – Isso. Seriam capacitados mais nessa linha de cursos profissionalizantes. E naturalmente também inserindo o jovem no ensino superior para que ele tenha condições reais de formar a sua juventude, e tenha condições reais de ir para o mercado de trabalho mais qualificado.

OJ – O que parece ser cruel é que o jovem pobre não tem opção de escolha como um jovem de classe média, por exemplo, que pode escolher entre um ensino profissionalizante e a universidade ou participar das duas coisas. O jovem pobre, em geral, só tem a opção do curso técnico. Como a juventude do PSDB vê isso?

KC – A princípio seria o ensino técnico pela real necessidade inicial, mas nós compreendemos o real direito para todos os ensinos, não só o ensino técnico. Então, nós entendemos que deve haver direitos e oportunidades para todos os níveis. Porém, garantimos nesse primeiro momento uma oportunidade de curso profissionalizante porque é a primeira necessidade.

OJ – O que você considera que a juventude mais precisa hoje?

KC – Educação, emprego...segurança, três pilares fortíssimos.

OJ – Por que a juventude demanda segurança hoje?

KC – Falta de oportunidade. Sempre digo que a ociosidade é a mãe de todos os vícios. Nossos avós, nossos pais sempre dizem que a juventude é o futuro do Brasil, mas para nós o futuro da juventude começa agora, entendemos que é uma política de juventude futurista. Mas os jovens já têm esse entendimento sobre todos os aspectos das políticas públicas nos seus estados, nos seus municípios. E a juventude é um dos pilares mais importantes do programa de governo e do governo do Geraldo Alckmim – essa gestão que tanto se aproxima, onde a juventude finalmente vai ter essa oportunidade de direitos, de deveres. Entendemos também que não só com direitos, mas também com deveres nós vamos garantir as oportunidades e as ações para que a juventude possa ter a real importância em nosso Brasil.

 

Kamila Castro acrescentou as seguintes questões por e-mail:

A juventude receberá atenção especial no contexto das ações de educação, segurança, emprego, empreendedorismo, esporte, lazer e cultura. Um dos objetivos centrais é qualificar o jovem para inserir e contribuir para o processo de desenvolvimento do país. Vamos priorizar a formação básica, com incentivos para manter o jovem na escola ( a taxa de evasão é elevadíssima) e a formação profissional e tecnológica. O jovem brasileiro precisa estar qualificado para ingressar no mercado de trabalho e ou iniciar seu próprio negócio.

O desemprego entre jovens é muito elevado. Uma das explicações é a própria falta de qualificação, que será atacada com programas consistentes de educação tecnológica e capacitação técnica. Outro obstáculo está associado à própria legislação, que cria dificuldades para a criação de empregos em geral, com efeitos mais perversos sobre os jovens. O governo Geraldo Alckimin promoverá, em conjunto com o setor privado, ações para estimular a criação de postos de trabalho para os jovens, assegurando os incentivos adequados para eliminar as distorções vigentes.

No contexto da formação e emprego dos jovens, o governo estimulará a inserção dos estudantes das universidades, em particular das públicas, em empregos, como ocorre nos países da Europa e nos Estados Unidos.

O Prouni será mantido e aperfeiçoado para assegurar que os bolsistas estejam em instituições de ponta, que oferecem cursos e formação de qualidade e com perspectivas de mercado.

Na área da segurança, serão implementadas ações integradas de prevenção à criminalidade, em áreas selecionadas objetivamente a partir de indicadores de criminalidade, tendo como foco o jovem. O objetivo é impedir que os jovens caiam nas mãos dos criminosos, assegurando-lhes condições para se inserir na sociedade por meio do trabalho, esporte, lazer e cultura.