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"Antecedentes do baixo nível de escolarização alcançado por uma coorte de jovens mães brasileiras", artigo de Humberto Corrêa

Artigo da Revista Educação e Pesquisa, autor Humberto Corrêa. 

 

Educ. Pesqui. Vol 40 No.2 São Paulo abr./jun.2014

 

Resumo
Em todo o mundo, pesquisas sobre a fecundidade efetivada na segunda
década da vida demonstram que jovens mães completam menos anos de
escolarização se comparadas com pares etárias nulíparas ou, ainda, com
mulheres que postergam o nascimento do primeiro filho para os 20 ou mais
anos de idade. No Brasil, poucos estudos identificaram em que medida
os diferenciais observados já estavam presentes antes da fecundidade
e, por essa razão, torna-se difícil avaliar os efeitos do nascimento de
um filho sobre as carreiras escolares das jovens mães. O presente estudo
analisou a trajetória escolar de uma amostra representativa (n=225) para
uma coorte de mães adolescentes residentes em Campinas, município
com mais de 1 milhão de habitantes, localizado no estado de São Paulo.
Todas as jovens da amostra tiveram seu primeiro filho nascido vivo
entre as idades de 17 e 19 anos no ano de 2005 e foram entrevistadas
entre 2006 e 2007. Os anos de estudos concluídos foram mensurados por
meio de uma observação transversal e pós-fecundidade. No entanto, a
partir de questões retrospectivas, as histórias escolares das jovens mães
foram reconstituídas longitudinalmente desde os 7 até os 16 anos, idades
em que todas eram nulíparas. As elevadas proporções de repetências e
interrupções em período anterior à gravidez e também ao nascimento do
primeiro filho das jovens amostradas indicam que muitas tiveram suas
histórias escolares cingidas por obstáculos que ultrapassam a questão da
fecundidade: 28,0% repetiram de série e interromperam suas carreiras
escolares, enquanto 78,2% repetiram ou evadiram ao menos uma série
antes da gravidez e do nascimento do primeiro filho. Concluiu-se que,
em função da metodologia adotada, estudos transversais que analisam os
déficits educacionais das jovens mães somente após a fecundidade e os
comparam diretamente com os anos de estudo alcançados por mulheres
sem filhos – ou com aquelas que alcançaram a fecundidade após
completarem 20 anos de idade – podem não identificar adequadamente a
origem temporal da defasagem idade-série usualmente observada.